Quebra de gelo a caminho de aliança futura
Sérgio Montenegro Filho
“Estamos apenas quebrando o gelo. A situação entre nós estava muito radicalizada, mas continuamos em campos opostos”. Dessa forma, o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB) justificou sua presença ontem, no Palácio do Campo das princesas, atendendo ao convite do seu principal adversário e (ex) desafeto político, o governador Eduardo Campos (PSB). Acompanhado do filho Jarbinhas, o peemedebista entrou pela porta principal do Palácio, onde não pisava desde o final do seu mandato, em janeiro de 2007, para participar – como ex-governador – da solenidade de posse da Comissão Estadual da Memória e Verdade Dom Helder Câmara. Mas afirmou não sentir nenhuma emoção diferente no retorno. “Não há nenhuma lembrança boa ou ruim. Acho que a vida vai deixando a gente meio embrutecido”, resumiu.
Jarbas foi recebido por Eduardo no Salão Nobre do Palácio, onde os membros da comissão estavam reunidos aguardando para tomar posse. De lá, os dois caminharam juntos, conversando, até os jardins, local da cerimônia. A briga entre os dois caciques remonta há mais de duas décadas – desde o rompimento do peemedebista com o ex-governador Miguel Arraes, avô de Eduardo, em 1992. Em 98, Jarbas elegeu-se governador – derrotando Arraes – aliado ao PFL (hoje DEM).
Ontem à tarde, quando questionado se estaria se iniciando ali um novo ciclo político, com uma reaproximação, o senador negou, assegurando que não mantém nenhum diálogo político com o governador. Momentos antes, porém, o deputado Raul Henry (PMDB) – um dos seus maiores aliados – admitiu uma reaproximação no campo político. “Padrinho” da distensão na relação, ele classificou o fato como positivo para Pernambuco, por se tratar de duas lideranças respeitadas no plano nacional, e embora tenha ressaltado que em 2012 não há chances de uma aliança, não descartou a alternativa em um futuro próximo. “Este ano estaremos em campos opostos, mas depois disso, existe a possibilidade. Vamos aguardar o desfecho da eleição municipal”, disse Henry, pré-candidato a prefeito do Recife.
Outro sinal de que os espíritos estariam, de fato, sendo “desarmados” foi a troca de cortesias entre Jarbas e a ex-deputada Ana Arraes, mãe de Eduardo, sentados lado a lado na solenidade. Em 2011, o senador acirrou a briga ao criticar duramente a eleição da sua mãe, pela Câmara, para ministra do Tribunal de Contas da União, com forte engajamento do governador na campanha. Mas ontem, ao discursar, Eduardo não apenas elogiou a atuação do adversário na luta contra a ditadura como destacou sua colaboração, como ex-governador, na construção do caminho que levou à instalação da Comissão da Verdade em Pernambuco. E arrematou: “Não é tempo de revanches”.
PT - Ferrenho crítico do governo e do PT, Jarbas manteve o tom enfático ao falar sobre a legenda. "Não quero conversa com o PT". Questionado sobre a declaração do ex-presidente Lula ao Programa do Ratinho na noite de quinta-feira (31), quando disse que não deixará o PMBD voltar à presidência e foi acusado de fazer campanha eleitoral, ele criticou a Justiça Eleitoral. "Não tem Justiça Eleitoral... deveria haver alguma punição. E não só para um lado".
FONTE: JORNAL DO COMMERCIO (PE)
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