Na webesfera democrática, tudo já foi dito a respeito da violação da legislação eleitoral vigente, ontem, por Lula, Haddad, Ratinho e pelo SBT. Agora esta questão está nas mãos da oposição, que, a exemplo do PPS de Roberto Freire, deverá apresentar medidas cabíveis na Justiça Eleitoral.
Queremos contribuir com a análise do que aconteceu ontem, levantando duas questões.
A primeira é a respeito do SBT.
Ora, as pedras do Anhangabaú e os peixes do Lago Paranoá sabem perfeitamente que não se troca uma lâmpada no SBT sem o beneplácito de seu dono. E que não sai um único bit de imagem sem sua orientação.
Por hipótese (uso estas duas palavras por sugestão de Alexandre Thiollier), é perfeitamente legítimo intuir que o espaço oferecido, tal como foi, supostamente faz parte (implícita ou explicitamente) do pagamento da fatura pela solução dada à questão do Banco Panamericano, em que a Caixa Econômica fez uma operação que redundou na salvação das pessoas jurídica e física de Sílvio Santos.
A segunda questão diz respeito à Presidência da República.
Os leitores e comentaristas se lembram do acontecido no começo de 2011, quando o caudilho praticamente montou um governo paralelo, de tutela de Dilma? Estava em curso uma crise institucional, devido à dualidade de poder.
O desenrolar das degolas no ministério e nos escalões superiores do governo, apesar de todos os esforços em contrário de Lula da Silva, somado à questão da saúde, terminou por desmontar esse intento.
Restabelecido, Lula da Silva volta à carga. Retomou a direção do seu partido, com rédea curtíssima. Partiu para sua autodesignada missão de mistificar o mensalão, detonar a oposição, a imprensa investigativa e o que mais estiver em sua frente. Apesar do seu empenho, não tem obtido sucesso, muito pelo contrário, como vem demonstrando a resistência na webesfera (inclusive neste opinativo), a imprensa não vassala, a oposição e por aqueles que conservam um mínimo amor pela democracia e pela república.
Deixado à língua solta, Lula da Silva mostra-se como Lula da Silva, inteiro. Dois anos antes do pleito presidencial, parte para lipoaspirar o papel da presidente Dilma. Deixou claro que é sua a decisão de lançá-la à reeleição ou de assumir o leme. Disse que não permitirá (sic) que os tucanos voltassem ao poder central.
Vivemos uma conjuntura que já podemos considerar de crise econômica (vide a newsletter de hoje, do ITV). Na política, idem. Fratura-se a cada dia a tal base aliada. O PMDB e as legendas por ele lideradas dão claros sinais de “independência”, ou seja, de luta por um rearranjo político que dê um chega pra lá no PT. No Congresso, o Partido dos Trabalhadores revela a fragilidade de ter lideranças de segunda ou de terceira linha, que acumulam trapalhadas e derrotas sem parar. Poderíamos elencar vários elementos de comprovação da instabilidade política e das incertezas na economia.
Esvaziar e humilhar Dilma Rousseff é esvaziar e atacar a instituição da Presidência. Não estamos nos referindo às práticas oposicionistas, veementes ou não, inerentes à democracia, mas à fratura do poder da Presidência.
Quais os segmentos empresariais e lideranças políticas que aceitarão, de uma forma ou de outra, fazer uma composição com a Presidência, para levar o país adiante, se existir um poder paralelo e tutelar, na figura do sr. Lula da Silva?
Mais do que um boquirroto e um ex-presidente que insiste em violar a legislação de cima abaixo, Lula da Silva ameaça a institucionalidade.
O Brasil é muito mais complexo do que esse senhor. Dificilmente ele conseguirá seus intentos. Mas poderá causar danos importantes, se o país não reagir à altura.
* Antônio Sérgio Martins é corresponsável por Pitacos.
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