sábado, 2 de junho de 2012

PIB cresce só 0,2% e mercado já prevê alta de apenas 2% no ano

O PIB brasileiro do primeiro trimestre manteve a semiparalisia e cresceu apenas o,2% ante o último trimestre de 2011, na série livre de influências sazonais, informou o IBGE. É um ritmo anualizado de 0,8%, o que está derrubando ainda mais as projeções de crescimento em 2012 - ontem, analistas ouvidos pelo Estado reduziram as previsões para algo em tomo de 2%. O Brasil teve a pior expansão entre os Brics e cresceu menos que EUA e Alemanha, economias abaladas pela crise. O ministro Guido Mantega (Fazenda) culpou as importações por parte do problema, mas disse que, apesar do resultado, a economia está estimulada. Um dos principais destaques negativos do PIB foram os investimentos, que recuaram 1,8% (7,4% anualizados) ante o último trimestre de 2011. A agropecuária, por sua vez, caiu 7,3% (32,6% anualizados), por causa da seca

PIB cresce 0,2% no trimestre e analistas já falam em alta de apenas 2% no ano

Desempenho ruim foi puxado pelo fraco resultado dos investimentos e da agropecuária, apesar da surpresa positiva da indústria

Fernando Dantas

RIO - A economia brasileira manteve no primeiro trimestre de 2012 o estado de quase paralisia em que se encontra desde o segundo semestre do ano passado. Ontem, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou que o PIB do primeiro trimestre cresceu apenas 0,2% em relação ao último trimestre de 2011, na série livre de influências sazonais.

Em termos anualizados, é um ritmo de 0,8%, o que está derrubando ainda mais as projeções de crescimento em 2012 - ontem, diversos analistas ouvidos pelo Estado reduziram as projeções para o ano para algo em torno de 2%, ou mesmo abaixo.

O Brasil teve no primeiro trimestre o pior crescimento entre os Brics (grupo que inclui Rússia, China, Índia e África do Sul) e cresceu menos que Estados Unidos e Alemanha, economias abaladas pela crise do mundo desenvolvido.

O mau desempenho brasileiro nos primeiros três meses do ano se segue a resultados também pífios no terceiro e quarto trimestres de 2011 - respectivamente, recuo de 0,1% e expansão de 0,2%, ante os trimestres anteriores, na base dessazonalizada. Nos 12 meses até março de 2012, o PIB cresceu 1,9%. Na comparação entre o primeiro trimestre de 2012 e o de 2011, o avanço foi de apenas 0,8%.

Um dos destaques negativos do PIB de janeiro a março foram os investimentos, que caíram 1,8% (7,4% em termos anualizados) ante o último trimestre de 2011, na série dessazonalizada, e 2,1% na comparação com o primeiro trimestre de 2011.

A agropecuária, por sua vez, foi um forte surpresa negativa, despencando 7,3% (32,6% anualizado) ante o trimestre anterior, em termos dessazonalizados, e 8,5% em relação ao primeiro trimestre de 2011. A má performance deveu-se principalmente ao efeito de secas no Nordeste e, em particular, no Sul, onde a safra de soja foi afetada.

Um dos poucos pontos positivos da divulgação de ontem foi o crescimento da indústria de 1,7% (7% anualizado) no primeiro trimestre ante o trimestre anterior, na série dessazonalizada. Na mesma base de comparação, a indústria de transformação cresceu 1,9%, ou 7,8% em termos anualizados. Segundo Rebeca Palis, gerente da Coordenação de Contas Nacionais do IBGE, a redução de impostos para aquisição de eletrodomésticos em dezembro contribuiu para estimular a indústria de transformação no primeiro trimestre.

Para vários analistas, por outro lado, os números da indústria estão longe de ser motivo de comemoração. Quando se compara o primeiro trimestre de 2012 com igual período do ano anterior, a indústria cresceu apenas 0,1%, e a indústria de transformação caiu 2,6%.

Famílias. O que salvou algum crescimento do PIB no primeiro trimestre foi o desempenho vigoroso do consumo das famílias e do governo, que cresceram respectivamente 1% (4,1% anualizado) e 1,5% (6,1% anualizado) na comparação dessazonalizada com o trimestre anterior.

Comparado ao primeiro trimestre de 2011, o consumo das famílias cresceu 2,5%, o 34º avanço trimestral consecutivo, num processo iniciado no último trimestre de 2003. Já o consumo do governo registrou alta de 3,4% ante o primeiro trimestre do ano passado, melhor resultado desde o segundo trimestre de 2011.

"A demanda está sendo sustentada basicamente pelas famílias e pelo governo, com o investimento para baixo - não é das melhores dinâmicas", diz Alessandra Ribeiro, da Consultoria Tendências. Para ela, com o resultado de ontem, o PIB de 2012 deve ficar entre 1,5% e um máximo de 2%.

No banco de investimentos J. Safra, a projeção para 2012 foi reduzida de 2,6% para 2,1%. Já a gestora de recursos JGP agora prevê crescimento de 2% neste ano, enquanto a gestora Opus reviu sua previsão de 2,8% para 1,9%. O Itaú Unibanco vai revisar sua projeção de 3,1% para algo "próximo a 2%", segundo o economista Aurélio Bicalho.

Já a economista Silvia Matos, da Fundação Getúlio Vargas, espera 2% de crescimento em 2012, "num cenário otimista".

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

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