Dirceu disse que a
prioridade agora é vencer a eleição no maior número possível de cidades e que
foi o partido, e não ele, o principal condenado pelo STF. Genoino demitiu-se de
cargo no Ministério da Defesa.
Dirceu prega reação
à mídia e ao Judiciário
Ex-ministro reaparece e estimula direção do PT a reagir, mas diz que o
importante agora é vencer eleições municipais
Condenado pelo STF, petista defende que partido se concentre no 2º turno e
pede esforço especial por Haddad
Catia Seabra, Bernardo Mello Franco
SÃO PAULO - Em reunião fechada com a direção nacional do PT, o ex-ministro José
Dirceu, condenado por corrupção ativa no processo do mensalão, pregou ontem que
o partido reaja à Justiça e à mídia, a quem acusou de perseguição.
Ele pediu que a ofensiva seja deixada para depois do segundo turno das
eleições municipais, para evitar prejuízos a candidatos petistas.
Disse que a prioridade agora é vencer no maior número possível de cidades, e
pediu esforço especial por Fernando Haddad em São Paulo.
Para estimular os petistas, o ex-ministro afirmou que foi o partido, e não ele,
o principal réu condenado pelo STF (Supremo Tribunal Federal).
"Mais importante do que discutir o julgamento é ganhar a eleição",
disse, segundo relatos de petistas. "Vencer as eleições é a melhor
resposta aos nossos adversários.
O discurso seguiu roteiro acertado na véspera com o ex-presidente Lula: o
fundamental agora, para o PT, é ampliar as vitórias eleitorais.
Quatro horas mais tarde, depois de um inflamado discurso do ex-deputado José
Genoino, que também foi condenado pelo Supremo, Dirceu retomou a palavra.
Disse concordar com a avaliação do colega de que o julgamento do mensalão
refletiu a luta de classes no país e pregou a criação de controles para a mídia
e o Judiciário.
Ele não detalhou seus planos de intervenções, mas deixou claro que considera
a imprensa e a Justiça comandadas pela oposição.
Dirceu defendeu ainda que os petistas se lançassem numa campanha pela
reforma política como instrumento para combater "a direita".
"Se não aprovarmos o financiamento público, estaremos mortos",
disse, ainda segundo relato de petistas participantes da reunião.
O PT divulgou documento em que que diz ter sido diz ter sido vítima de
"hipocrisia" e "intolerância" no primeiro turno das
eleições, que coincidiu com a primeira parte do julgamento do mensalão.
A sigla afirma ter enfrentado "intensa campanha promovida pela oposição
de direita e seus aliados na mídia".
"Não é a primeira vez, nem será a última, que os setores conservadores
demonstram sua intolerância, sua falta de vocação democrática, sua hipocrisia,
dois pesos, duas medidas", diz a nota, que foi antecipada pelo site da
Folha.
Genoino propôs a única alteração no texto original apresentado pela cúpula
petista, pregando "defesa enfática" do PT. "Aos ataques e
manipulações, contraporemos a defesa enfática de nosso projeto
estratégico", diz o trecho redigido por ele.
O presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores), Vagner Freitas,
propôs uma manifestação em solidariedade aos condenados, mas o PT optou por
esperar a eleição. Em nota, a central acusou o STF de julgar "a serviço
dos conservadores".
Dirceu foi à sede do partido em carro com vidros escuros e tentou se
esconder dos jornalistas. Na saída, o veículo foi cercado por PMs da reserva,
que o chamaram de "ladrão". "Não adianta ir para a cadeia. Tem
que devolver o dinheiro", gritou o subtenente Clovis de Oliveira, 71.
José Dirceu:
"Mais importante do que discutir o julgamento é ganhar a eleição"
"Vencer as eleições é a melhor resposta aos nossos adversários"
"O condenado [no julgamento do mensalão] não fui eu, mas o PT"
José Genoino:
"Retiro-me do governo com a consciência dos inocentes"
"A corte errou. A corte foi, sobretudo, injusta. Condenou um
inocente"
"O julgamento da população sempre nos favorecerá"
Fonte: Folha de S. Paulo
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