Um
balanço consistente do pleito do último domingo só poderá ser feito após o 2º
turno, de 28 de outubro, nas 17 capitais e 33 cidades (de mais de 200 mil
eleitores) ainda sem definição dos prefeitos. Teremos, então, condições bem
melhores para avaliar os diversos sinais, em parte contraditórios, emitidos
pelos resultados da etapa inicial desse embate. Inclusive os relativos à
influência do mensalão. Entre os referidos sinais a se-rem reforçados,
contraditados ou diluídos no “2º turno, como fatores políticos significativos,
destaco os que se seguem:
1º
- Os
conflitos entre partidos da base governista federal, em particular os que
contrapuseram o PT e o PSB, serão logo superados. Ou tenderão a ampliar-se
(para o que poderá contribuir o 2º turno em Fortaleza).
2º
- Os
bons resultados da oposição no Norte e no Nordeste (com candidatos finalistas
na maioria das capitais, além da eleição dos prefeitos de Maceió e Aracajú),
somados ao bom desempenho mantido no sudeste – em São Paulo e Minas Gerais e
estendido ao Espírito Santo -, reduziram o grande desequilíbrio, desfavorável,
entre ela (o PSDB, o DEM, o PPS) e o provável bloco de apoio à manutenção do PT
no comando do Palácio do Planalto em 2014. Ou, a frustração de parte expressiva
de tais resultados, com derrotas possíveis em capitais como Manaus, Belém,
Salvador e em especial São Paulo, manterá a inferioridade competitiva revelada
por ela nas últimas disputas presidenciais.
3º
- A
passagem de Fernando Haddad ao 2º turno do pleito paulistano neutralizou o
juízo negativo sobre a intervenção do ex-presidente Lula nos pleitos de São
Paulo e do Recife, propiciando a preservação do reconhecimento do seu peso de
poderoso padrinho eleitoral, bem como da legitimidade da imposição de escolhas
pessoais para candidaturas do PT. Ou esse peso e tal legitimidade serão postos
em xeque e desqualificados no caso de um fracasso de sua principal aposta: a
conquista da prefeitura de São Paulo.
4º
- A
vitória de Aécio Neves em Belo Horizonte – com a reeleição de Márcio Lacerda e
a dimensão nacional que ganhou diante da tentativa direta da presidente Dilma
de bloqueá-la – afastou as últimas resistências no PSDB à sua candidatura à
presidência da República, o que se reforça com a participação dele nas campanhas
oposicionistas no 2º turno em várias capitais e grandes cidades. Ou essa
vitória terá efeitos bem limitados por uma predominância de derrotas nessas campanhas
e, sobretudo, pela manutenção ou por uma re-composição do alinhamento com o
governo do amigo e possível aliado, o presidente do PSB e governador de
Pernambuco, Eduardo Campos.
5º
-
Com a vitória contra o PT no Recife, com o expressivo crescimento nacional do
PSB e com as posturas reformistas que tem sobre a economia, Eduardo campos
tenderá a distanciar-se do governo Dilma, seja partindo para uma candidatura
presidencial já em 2014, seja aprofundando o relacionamento político com Aécio,
de quem poderia ser vice. Ou , ao contrário, disputará com o PMDB mais espaço
na máquina federal e deixará o projeto presidencial para 2018, comprometendo-se
com o do PT daqui a dois anos.
6º-
O
PMDB utilizará os riscos de fragmentação da base governista para afirmar a
dependência do Executivo à hegemonia que detém no Congresso e para aumentar seu
peso na referida máquina, diminuto nas estatais e desqualificado nos ministérios
que ocupa cujos secretários-executivos são quadros de confiança da presidente.
Ou explorará os problemas políticos e gerenciais do governo para começar a
construir uma alternativa independente e possível realinhamento na disputa
presidencial de 2014.
7º
- E
o projeto pró-governo Dilma com que o novo PSD surgiu será continuado pela
conquista de um número expressivo de prefeituras (em detrimento do DEM e
situadas basicamente em São Paulo e no interior dos dois estados com
governadores da legenda – Santa Catarina e Amazonas). Ou a inevitável e
estreita vinculação do criador e presidente Gilberto Kassab à candidatura de José
Serra - um dos alvos principais (ao lado da de Márcio Lacerda) do lulopetismo e
da presidente Dilma nos dois turnos do pleito municipal, estancará e
reorientará esse projeto, especialmente no cenário possível de uma vitória do
tucano em São Paulo.
Jarbas de Holanda é jornalista
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