quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Gurgel contesta Dirceu e diz que STF observou direitos dos réus


"É tremenda bobagem", diz Barbosa sobre recurso de condenados à OEA

Vinicius Sassine, André de Souza

UM JULGAMENTO PARA A HISTÓRIA

BRASÍLIA O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, rebateu ontem a afirmação do ex-ministro José Dirceu de que foi condenado por um "juízo político e de exceção". O ex-ministro da Casa Civil no primeiro governo Lula foi condenado por 8 votos a dois por corrupção ativa no esquema do mensalão, na sessão de ontem do Supremo Tribunal Federal (STF). Gurgel saiu em defesa da decisão da Corte:

- A afirmação (de Dirceu) é absolutamente despropositada. O STF se esmerou em assegurar direitos e garantias previstos na Constituição federal. Está longe de ser um tribunal de exceção. É, na verdade, um exemplo magnífico de observância de direitos e garantias.

"Réus são tratados como tais"

Já o ministro relator do caso, Joaquim Barbosa, classificou as declarações de Dirceu como alegações de um réu.

- Não costumo comentar afirmações de políticos. Esse não é meu papel. Ele é réu, mas réu eu trato como réu. Só isso. Os réus são tratados como tais por mim. Agora, se um determinado réu resolve politizar um julgamento, isso é problema dele.

Questionado sobre a possibilidade de os réus recorrerem a cortes internacionais, como foi cogitado pelo deputado federal Valdemar da Costa Neto (PR-SP), Barbosa comentou:

- Isso é uma tremenda bobagem.

Depois da maioria de votos pela condenação, Dirceu divulgou em seu blog uma "carta ao povo brasileiro". No texto, o ex-ministro se disse injustiçado e afirmou: "Os autos registram para sempre a ausência de provas e minha inocência. O Estado de Direito Democrático e os princípios constitucionais não aceitam um juízo político e de exceção."

Para o procurador Roberto Gurgel, as condenações estão se baseando em provas concretas da participação dos réus no esquema do mensalão. Ele criticou a ideia de as defesas de recorreram à Organização dos Estados Americanos (OEA) contra as condenações:

- Jamais houve perseguição do Ministério Público. A acusação está solidamente amparada em provas. As defesas pretendem que esse não seja um julgamento definitivo, mas é, sim - disse Gurgel.

O procurador-geral não quis emitir opinião sobre a análise do item de formação de quadrilha, prevista para ocorrer no plenário do STF nas próximas semanas. Dirceu é acusado pelo Ministério Público de ser o chefe da quadrilha do mensalão. O procurador-geral também preferiu não se manifestar sobre o pedido de prisão imediata dos réus, o cálculo do tamanho das penas e a possibilidade de adoção de medidas para evitar a fuga de condenados do país.

- Vamos aguardar o fim do julgamento - afirmou Gurgel.

Fonte: O Globo

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