Um dia depois de serem
condenados por corrupção pelo STF, os dois foram recebidos como heróis em ato
de desagravo feito pelo PT, a portas fechadas, em São Paulo. Dirceu entrou pela
garagem.Genoino deixou o governo.
PT sai
em defesa dos condenados
Durante encontro do diretório nacional em São Paulo, petistas fazem ato de
desagravo a Dirceu e a Genoino. Cúpula da legenda diz que o momento é de
defender as gestões de Lula e Dilma
Paulo de Tarso Lyra
Um dia depois de terem sido condenados pelo Supremo Tribunal Federal por
corrupção ativa no escândalo do mensalão, o ex-chefe da Casa Civil José Dirceu
e o ex-presidente do PT José Genoino foram ovacionados por correligionários no
Diretório Nacional do PT, em São Paulo. Antes de o partido debruçar-se sobre os
números da eleição, Genoino e Dir-ceu foram apresentados como heróis. O
ex-presidente do PT leu uma carta na qual abria mão do cargo no Ministério da
Defesa (leia matéria abaixo) e foi recebido por gritos de "Genoino, guerreiro,
do povo brasileiro".
Dirceu, mantendo seu estilo pragmático e frio que o caracterizou ao longo de
toda a trajetória política, falou pouco sobre a condenação do STF. Tanto ele
quanto Genoino ainda serão julgados por formação de quadrilha. Disse que o
partido terá de acostumar-se a disputar o segundo turno das eleições municipais
com o peso do mensalão. E acrescentou que a prioridade dos petistas deve ser as
eleições, não o julgamento. E o foco deve ser a candidatura de Had-dad para a
prefeitura de São Paulo.
No início da noite, o Diretório Nacional do PT divulgou uma nota avaliando o
resultado obtido pelo partido nas urnas — foi o que mais votos recebeu, com
17,198 milhões, o que representa 16,76% do eleitorado — apesar do escândalo do
mensalão, na opinião dos dirigentes petistas. "Nosso desempenho nas
eleições municipais ganha ainda maior significado, quando temos em conta que
ele foi obtido em meio a uma intensa campanha, promovida pela oposição de
direita e seus aliados na mídia, cujo objetivo explícito é criminalizar o
PT."
O documento afirma que esta não é "a primeira nem será a última vez que
os setores conservadores demonstram sua intolerância; sua falta de vocação
democrática; sua hipocrisia, os dois pesos e medidas com que abordam temas como
a liberdade de comunicação, o financiamento das campanhas eleitorais, o
funcionamento do Judiciário". Para a direção do PT, muito além do período
eleitoral, este é o momento de o partido expor as diferenças entre os projetos
nacionais, defender as administrações petistas — a começar pelos governos Lula
e Dilma. "Aos ataques e manipulações, contraporemos a defesa enfática de
nosso projeto estratégico", conclui o texto.
Reformas
Enquanto o PT curava suas feridas, a Central Única dos Trabalhadores (CUT)
também criticava o Supremo pelo julgamento do men-salão. A entidade afirmou
"repudiar o comportamento do STF que se colocou a serviço dos
conservadores, da imprensa neoliberal e de todos que querem criminalizar os
movimentos sociais e seus representantes no parlamento, usando, inclusive, o
processo eleitoral a serviço dos reacionários".
Reforçando que sempre defenderá o ex-presidente Lula, a CUT cobrou uma ampla
reforma do Judiciário para que "as regras legais sejam adequadas à
realidade, diminuindo as subjetividades e aumentando a transparência e o
controle social na gestão, evitando manipulações e casuísmos na Justiça".
Fonte: Correio Braziliense
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