Marcos de Moura e Souza
BELO HORIZONTE - A ex-senadora Marina Silva quer uma audiência com presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, para tentar garantir que as regras para criação de partidos não sejam dificultadas. Marina acredita que o projeto de lei que tramita no Congresso para restringir a fundação de novas legendas tem como foco a Rede Sustentabilidade, sigla que tenta viabilizar para disputar eleições em 2014.
Marina - possível candidata à Presidência pela nova legenda -- passou o fim de semana em Belo Horizonte, onde foi às ruas para coletar assinaturas para a oficialização da Rede. Até meados do mês, os organizadores conseguiram mais de 200 mil assinaturas. "Esperamos que até o fim deste mês tenhamos 300 mil e até o fim de julho, as 550 mil assinaturas", disse, enquanto caminhava pela tradicional feira de artesanato montada todo domingo na região central da cidade. A meta, no entanto, é chegar 650 mil - 100 mil a mais que o necessário. A coleta começou há 45 dias e para disputar eleições em 2014 o partido deve ser registrado até outubro. "Os partidos que se constituíram tiveram dois, três anos para conseguir. E temos uma mobilização de voluntários."
Marina tem viajando o país para coletar assinaturas. A Rede tem, segundo ela, 7 mil voluntários fazendo esse trabalho. Ela já esteve em Belém, Manaus, em cidades do Acre, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas. Hoje estará em Goiás, depois volta a São Paulo e irá para o Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná.
No sábado, em Belo Horizonte, Caetano Veloso, que faz show em Belo Horizonte a convidou para assisti-lo e depois assinou o pedido de registro da Rede.
Mas esse esforço corre o risco de ser em vão por causa do projeto de lei que restringe recursos do fundo partidário e tempo na TV a novos partidos. Na semana passada, Gilmar Mendes, do STF, concedeu liminar que suspendeu a tramitação do projeto do deputado federal Edinho Araújo (PMDB-SP).
"Espero que o pleno do Supremo possa se posicionar favorável aquilo que é a constitucionalidade", disse Marina ontem, em almoço com simpatizantes. "Estamos pedindo uma audiência com o ministro Joaquim Barbosa para tratar dessa questão e mostrar que há ali dois pesos e duas medidas e uma lei de encomenda para ferir o pluripartidarismo na realidade da nossa democracia."
Marina reclama do "casuísmo" de parte da base do governo Dilma Rousseff. "Para o partido do [ex-prefeito de São Paulo, Gilberto] Kassab foi dado todo o aval do governo para ele se formar, inclusive recentemente aprovaram 120 cargos para ele poder colocar 30 pessoas na liderança de seu partido [o PSD]. E fizeram uma lei extemporânea para tentar prejudicar a Rede e o Solidariedade, que é um movimento feito pelo Paulinho da Força Sindical", queixou-se.
O projeto de lei, diz Marina, "dificultaria que novos partidos possam se firmar" porque cria obstáculos para que as novas legendas tenham direito ao horário gratuito na rádio e na TV e para que recebam recursos do fundo partidário.
A ex-senadora apareceu em segundo lugar em pesquisa de intenção de voto de março do Datafolha. Teria 16% dos votos; Dilma lideraria com 58%. Marina diz que não é ainda candidata.
Perguntada se já foi sondada por outros partidos para apoiar pré-candidatos, disse: "Ainda não. Até porque a gente está vivendo uma realidade neste momento que eu tenho me recusado terminantemente a entrar nessa disputa eleitoral antecipada." Mas completou: "Talvez pelo fato de eu estar em segundo lugar mesmo sem partido, mesmo sem nenhuma estrutura, obviamente, que os demais que estão se coligando olham com certeza com respeito para essa possibilidade."
Fonte: Valor Econômico
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