quinta-feira, 9 de julho de 2015

Aécio ataca PT, e Temer defende ajuste fiscal

• Após divulgação do índice, governo e oposição concordam que inflação precisa cair

Cristiane Jungblut, Fernanda Krakovics – O Globo

BRASÍLIA - A forte alta da inflação em junho, divulgada ontem pelo IBGE, foi usada por representantes do governo e da oposição para defender suas posições. Enquanto o senador Aécio Neves (PSDB-MG) destacou que a alta de preços é fruto da "irresponsabilidade do PT", o presidente em exercício, Michel Temer, aproveitou para defender o ajuste fiscal, que levaria ao reequilíbrio da economia.

Aécio destacou a alta de 6,17% acumulada no semestre e afirmou que o resultado do IPCA foi "absolutamente fora de quaisquer expectativas".

- É algo (a inflação em 6,17%) absolutamente fora de quaisquer expectativas ou anúncios feitos pelo governo, das expectativas do próprio Banco Central. Há hoje uma crise de confiança muito aguda na sociedade e essa crise impacta também na inflação. Inflação é expectativa. Hoje, os brasileiros pagam a conta da irresponsabilidade do PT na condução da economia nos últimos anos - disse Aécio, ao responder à pergunta se a inflação estava descontrolada.

Já Michel Temer preferiu enquadrar a alta de preços em cenário de "dificuldades transitórias" na economia brasileira. Temer admitiu não saber se o governo conseguirá superá-las ainda este ano e afirmou que precisa da ajuda do Congresso para prosseguir com o ajuste fiscal.

- Por isso que o governo está cuidando, com o auxílio do Congresso Nacional, de fazer um ajuste fiscal e econômico. Ninguém ignora que há dificuldades transitórias em relação à economia, mas essas medidas todas que são tomadas pelo Executivo, com apoio explícito do Congresso Nacional, reverterão - afirmou Temer, ao ser questionado sobre o resultado da inflação.

Temer: inflação vai cair "em breve"
O Congresso desfigurou as medidas provisórias do ajuste fiscal e resiste em aprovar, na forma que foi proposta pelo governo, o aumento da tributação sobre a folha de pagamento de vários setores da economia. Temer disse esperar que o cenário econômico negativo seja superado "em breve":

- Seguramente, pelo menos eu espero, o governo espera, que em breve tempo, não sei se este ano ainda, essa reversão se verifique.

Para o presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o problema não é a inflação, e sim o conjunto da economia:

- A inflação vai cair, não há dúvida nenhuma disso, porque você não tem inflação de demanda, e sim de preço administrado, e os preços já foram corrigidos. Não é isso que preocupa, o que preocupa é o conjunto da economia.

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), disse que inflação e desemprego altos são a "pior combinação da economia". Renan voltou a criticar o ajuste fiscal, afirmando que a sociedade não aguenta mais aumento de impostos.

- Inflação alta e desemprego alto. Isso é a pior combinação da economia. Não dá mais para aumentar impostos, o governo tem que cortar na carne, reduzir ministérios, cargos em comissão e temos que buscar alternativas para que tenhamos dinheiro novo. E a primeira delas é repatriar capitais que, com regras claras, com origem e com segurança, pode ser feito - disse Renan.

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