• Em tom conciliador, Michel Temer afirmou que adversários existem também para ajudar a governar
• Peça-chave para nomes da oposição, vice prega união nacional e diz que adversários "também ajudam a governar"
Mariana Haubert e Daniela Lima – Folha de S. Paulo
BRASÍLIA, SÃO PAULO - Um dia depois de a presidente Dilma Rousseff ter dito ver nas especulações sobre sua saída do governo a atuação de uma "certa oposição um tanto golpista", o vice Michel Temer fez um discurso pela unidade nacional e disse que adversários existem "também para ajudar a governar".
"Temos que fazer uma grande unidade nacional. Mais do que nunca é necessário o pensamento conjugado dos vários setores da nacionalidade, portanto dos vários partidos políticos, para que caminhemos juntos em beneficio do Brasil", afirmou Temer em Brasília.
O vice-presidente é visto por setores da oposição, especialmente no PSDB, como uma peça-chave para o desfecho do destino de Dilma. A ala paulista do tucanato acredita que, no caso de um afastamento da petista, formar uma coalizão em torno de Temer pode ser a saída "menos traumática"para o país.
Temer abandonará até agosto a função de organizar a distribuição de cargos a aliados na administração federal, tarefa assumida para apaziguar os ânimos do governo no Congresso.
A ideia é que, depois disso, ele possa se dedicar à tarefa de uma "articulação mais elevada", conduzindo as conversas do Planalto com o Congresso, governadores, prefeitos e setores do Judiciário.
Os principais interlocutores do vice-presidente afirmam que a mudança não significa uma saída de Temer da articulação política.
"É bom para o governo e bom para o Brasil que ele possa se dedicar a essa articulação mais elevada. O Temer é um conciliador por natureza", diz o ministro da Aviação Civil, Eliseu Padilha (PMDB).
Padilha integra o conselho político do Planalto e vem ajudando Temer a liquidar a fatura de cargos demandada por políticos aliados.
"Desta tarefa ele sairá porque vamos resolver tudo em julho ou até o início de agosto", disse Padilha.
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