• Um ano após morte, familiares agem no partido de olho em 2016 e 2018
• Partido tenta atrair nomes de peso, como Marta Suplicy, para se fortalecer e viabilizar lideranças nacionais
Patrícia Britto - Folha de S. Paulo
RECIFE - Em Xexéu, a 135 km do Recife, a praça Miguel Arraes recebeu em abril um convidado que despertou olhares curiosos durante a inauguração do Palácio Municipal Governador Eduardo Campos.
"Eu tenho certeza de que, quando vocês olham pra isso [crise política], se perguntam: por que não é Eduardo Campos que está lá?", discursou João Campos, 21, segundo dos cinco filhos do ex-governador.
Homenagens como essa têm se repetido desde 13 de agosto de 2014, quando Eduardo Campos, então candidato do PSB à Presidência, e outras seis pessoas morreram em acidente com o jatinho Cessna, em Santos (SP).
Um ano depois, graças à popularidade do ex-governador, filho, irmão e viúva mantêm a influência da família no partido, iniciada com o avô de Eduardo, Miguel Arraes, nos anos 1990. Nova aposta, João Campos se prepara para sua primeira eleição –quer ser deputado federal em 2018.
Também tem percorrido o interior de Pernambuco para participar de encontros como secretário de Organização do diretório estadual do PSB e se tornar conhecido. Discursa de improviso e com voz firme, mas ainda transmite pouca intimidade com o palco.
A viúva, Renata, tem participado dos bastidores da cúpula do PSB: defendeu o adiamento da fusão com o PPS e recebeu a senadora Marta Suplicy (ex-PT-SP) –o partido negocia sua filiação.
Ela, porém, diz que a prioridade é cuidar do filho caçula, Miguel, de um ano e com síndrome de Down. E faz mistério sobre se candidatar.
"Eu já falei, 'uma hora você terá que sair de cima do muro'. Ela não diz nem sim, nem não", afirma o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, que era ligado a Eduardo Campos.
Já Antônio, irmão de Eduardo, não esconde a pretensão de concorrer à Prefeitura de Olinda. A mais de um ano da eleição, já teve que responder na Justiça Eleitoral por suposta propaganda antecipada.
Nesta segunda (10), quando completaria 50 anos, Campos será lembrado em ato no Recife. Homenagens já se espalham pelo Estado –uma edição especial de latas de cerveja e até tatuagem nas costas de um prefeito.
Na quinta (13), data que marca um ano de sua morte, serão celebradas missas em Brasília e no Recife.
Sem candidato
Com a previsão de que Marina Silva, que substituiu Campos na chapa presidencial, deixe o PSB após a formalização da Rede, o partido procura um novo nome para disputar as eleições em 2018.
"Há lideranças intermediárias importantes –governadores, senadores, deputados–, mas não uma nacional", diz Siqueira. "Não temos um candidato natural como ele foi."
A sigla aposta em adesões. Além de Marta, que também cogita o PMDB para disputar a Prefeitura de São Paulo, o PSB tenta atrair o governador Pedro Taques (PDT-MT) e os senadores Álvaro Dias (PSDB-PR), Lúcia Vânia (ex-PSDB-GO), Walter Pinheiro (PT-BA) e Paulo Paim (PT-RS).
Sem um nome de mesmo perfil conciliador como Campos, a legenda vê dificuldade para chegar a consensos, como visto na fusão com o PPS. Após anunciar o início das tratativas, o PSB recuou e deixou o plano para depois da eleição de 2016.
"A partir da reorganização de que o PSB precisou com a ausência de Eduardo, a gente discute e formula consensos de forma diferente", diz o prefeito do Recife e primeiro-secretário do PSB, Geraldo Julio. "É um partido de muitas lideranças, e quando existem posições diferentes, é hora de fazer as instâncias partidárias funcionarem."
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