- Folha de S. Paulo
A eleição para a Prefeitura de São Paulo consagrou um candidato que nunca havia sido testado nas urnas. Ele começou atrás nas pesquisas, mas decolou na carona da popularidade do padrinho. Depois de ser chamado de poste, deixou no escuro todos os políticos tradicionais que o esnobavam.
O enredo da vitória de Fernando Haddad em 2012 ensaia se repetir quatro anos depois. O poste da vez é o tucano João Doria, que acaba de assumir a liderança da corrida paulistana. Ele chegou a 25% das intenções de voto no Datafolha. Se mantiver a curva ascendente, deverá disputar o segundo turno contra Celso Russomanno ou Marta Suplicy.
Na campanha passada, a propaganda petista apresentou Haddad como o "homem novo". Ele se beneficiou do prestígio do ex-presidente Lula e do desejo do eleitor por mudanças. Na noite da vitória, ironizou os críticos e se comparou a Dilma Rousseff, que havia enfrentado a mesma desconfiança em 2010. "Vocês sabem que eu sou o segundo poste do Lula. Tão sabendo disso, né?"
Doria entrou na disputa de 2016 como o poste de Geraldo Alckmin. Há três dias, ao comemorar a escalada nas pesquisas, ele deixou claro a quem serve sua candidatura. "Venho para ajudar a consertar, junto com as pessoas de bem, como o governador Geraldo Alckmin. Que se Deus quiser, com a nossa força e a nossa vitória, vai ser conduzido, sim, à Presidência da República em 2018."
O candidato a novo homem novo aposta em dois sentimentos em alta na cidade: o antipetismo e a antipolítica. "Não sou político, sou empresário", martela. Ninguém sabe bem o que ele fará se for eleito, além de privatizar parques, corredores de ônibus e até cemitérios municipais.
Na última semana, adversários passaram a lembrar outros postes para levantar dúvidas sobre a capacidade de Doria. No debate Folha/SBT/UOL, Marta o comparou a Haddad, a Dilma e até a Celso Pitta, cuja luz se apagou antes do fim do mandato.
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