Catia Seabra | Folha de S. Paulo
SÃO PAULO - Quatro mortos estão na lista dos eleitores do 6º Congresso do PT na cidade de Arandu, no interior de São Paulo. Outros quatro, em Catanduva (SP).
Minas Gerais, Espírito Santo e Mato Grosso do Sul também registram denúncias de fraudes nas eleições internas do PT, espécie de prévia para a disputa pelo comando nacional do partido, que ocorre em maio.
Os indícios de irregularidade afetam o partido às vésperas do depoimento do ex-presidente Lula ao juiz federal Sergio Moro, marcado para 3 de maio.
A coordenação da macrorregião de Rio Preto, responsável pela cidade de Catanduva, reuniu atestados de óbito de quatro pessoas cujos nomes constariam da lista de participantes da eleição interna do PT. O partido abriu investigação sobre o caso de Arandu.
A denúncia sobre Catanduva deve ser discutida em reunião da executiva estadual do PT, na próxima segunda-feira.
Também em Catanduva, integrantes do movimento Muda PT produziram um vídeo em que, confrontados, filiados não reconhecem as assinaturas a eles atribuídas na lista de votação do dia 9.
O mesmo vídeo traz o momento em que um representante da corrente Avante –que tem o deputado Arlindo Chinaglia entre seus líderes – é flagrado carregando a urna minutos antes do encerramento da votação.
Ele reaparece uma hora depois. Nesse intervalo a relação dos votantes dessa urna subiu de 48 para 248.
No município de Platina, na região de Assis, 106,7% dos filiados aptos a votar foram às urnas na eleição petista. Segundo a lista, 45 moradores de Platina teriam direito a voto e 48 votaram. Desse total, 41 escolheram a chapa da CNB (Construindo um Novo Brasil), a maior força interna petista.
Integrante da corrente Optei, o deputado estadual José Américo Dias entrou com um recurso em que afirma haver evidência de irregularidade em 99 diretórios municipais do partido.
O ex-prefeito de Guarulhos Elói Pietá também apresentou um recurso no qual pede perícia grafotécnica sobre assinaturas atribuídas a 400 participantes da eleição da cidade, devido à semelhança de caligrafia.
Sob alegação de falta de recursos para realização de perícia, seu pedido foi rejeitado nesta quinta-feira (20).
Autores de recursos, como é o caso de José Américo, solicitaram que ao menos fosse instalada uma auditoria para apurar essas denúncias.
Como integrantes da CNB resistiam à proposta de liberação da lista de eleitores em cada diretório, o presidente nacional do PT, Rui Falcão, determinou que sejam disponibilizadas as atas e listas eleitorais das cidades que foram objeto de recursos, "para que não restem suspeitas em relação à lisura das eleições".
Há dúvida sobre a participação de 30 mil dos 290 mil filiados declarados como votantes na eleição em todo o país.
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