- O Globo
Fernando Collor vem aí. Às vésperas do carnaval, o senador anunciou que será candidato a presidente da República. Quer voltar ao Palácio do Planalto, de onde foi enxotado pelo impeachment, em 1992.
Collor anunciou o plano nos microfones da Rádio Gazeta, de Arapiraca. Estava em casa. A emissora pertence à sua família, que ainda domina os principais meios de comunicação de Alagoas.
“Tenho uma vantagem em relação a alguns candidatos porque já presidi o país”, vangloriou-se. O locutor preferiu não mencionar fatos marcantes de seu governo, como os escândalos de corrupção e o confisco da poupança.
Dias depois, Collor repetiu a cantilena da tribuna do Senado. Em tom imodesto, enumerou o que considera um “portfólio de realizações incontestáveis”. “Tirei o país do atraso”. “Inseri o Brasil na ordem mundial”. “Acabei com as famosas carroças". “Introduzi a telefonia celular e os computadores de última geração". “Extingui a figura do cheque ao portador”, gabou-se.
A figura do cheque-fantasma, que pagou a Fiat Elba e os jardins da Casa da Dinda, não foi lembrada no discurso.
O senador recitou trechos do livro de Marco Antonio Villa sobre sua gestão. A obra usa expressões como “sucesso”, “ato de coragem" e “afirmação dos novos tempos” ao descrever medidas do ex-presidente. “O autor reconhece a verdadeira face do meu governo”, decretou Collor, orgulhoso. Ninguém no plenário se animou a pedir um aparte.
Em tempos de folia, o ex-presidente tenta vestir a fantasia da moda. Diz ser o candidato do “centro democrático, ao mesmo tempo progressista e liberal” — o eleitor que se vire para descobrir o que isso quer dizer. “Precisamos de moderação, de equilíbrio, de maturidade”, discursou, atribuindo as três virtudes a si mesmo.
Apesar da autoestima em dia, Collor deve encontrar um eleitorado mais cético que o de 1989. Seu índice de rejeição chega a 44%, segundo o Datafolha. Só é menor que o do imbatível Michel Temer.
O senador promete concorrer pelo nanico PTC, herdeiro do antigo PRN. Na primeira campanha, ele contou com aliados como PC Farias e Eduardo Cunha. Desta vez, corre o risco de desfilar no Bloco do Elle Sozinho.l
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