Por Cristian Klein | Valor Econômico
RIO - Alvo de ataques de Geraldo Alckmin (PSDB) desde o primeiro dia da campanha em rádio e TV, o candidato a presidente Jair Bolsonaro (PSL) acusou o golpe. Dirigindo-se diretamente ao adversário, o deputado federal chamou de "jogo sujo" a campanha tucana. "Não tenta querer crescer fazendo esse jogo baixo, sujo, que parece uma característica de seu partido", disse Bolsonaro, antes de participar de almoço promovido por empresas do setor de seguros, no Rio.
O parlamentar reclamou que, em vez de Alckmin mostrar o que fez como governador de São Paulo, "fica me atacando", com o "videozinho do embate meu com a [deputada federal] Maria do Rosário [PT-RS]". A inserção de Alckmin mostra a discussão em que Bolsonaro disse que não estupraria a parlamentar porque ela não merecia. O deputado é réu no Supremo Tribunal Federal (STF) por apologia ao estupro.
"O senhor tem é que explicar o roubo da merenda escolar, que está sendo denunciado por quatro delatores, está até o pescoço no Rodoanel, na Dersa, seu cunhado está em maus lençóis sendo acusado de ter desviado milhões também junto a empreiteiras. Responda por você, não fique me acusando com leviandade", contra-atacou.
Bolsonaro, que lidera as pesquisas no primeiro turno mas perde em cenários de segundo turno, indicou que não aceitará o resultado das eleições se for derrotado em outubro. O presidenciável respondia a uma pergunta sobre seu apoio no eleitorado evangélico, quando afirmou que, "desde que não haja fraude nas eleições, nós chegaremos lá". Questionado em seguida se respeitará o resultado das urnas, Bolsonaro afirmou: "Quem quer que seja o vencedor acho que o outro lado vai acusar de fraude".
O candidato do PSL disse que aprovou dois artigos em projeto de lei que garantia o voto impresso mas o STF os julgou inconstitucionais. Bolsonaro afirmou que "vamos para as eleições informatizadas onde sabemos que nada é indevassável aqui no Brasil - ou qualquer lugar do mundo". Indagado novamente se reconhecerá o resultado, caso perca a eleição, Bolsonaro insistiu: "Qualquer que seja o lado perdedor não vai reconhecer".
O deputado relacionou a possibilidade de fraude com a necessidade de adversários de escaparem da Justiça. "O que está em jogo é a cadeia para a nata da política brasileira. E eles sempre discutem entre eles o indulto para condenados da Lava-Jato, a começar por Lula, Aécio e o próprio Alckmin, que responde a processos nesse sentido", disse.
O candidato à Presidência se mostrou muito irritado quando abordado sobre o incêndio que destruiu, anteontem, o Museu Nacional e não falou da importância da instituição. Preferiu culpar partidos de esquerda, pela administração do museu, ligado à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), cujo reitor é filiado ao Psol. "Pergunte para eles o que fizeram esse tempo todo a não ser aparelhar essa instituição e colocar militantes lá dentro", disse. Depois, lembrado de que as verbas são do governo federal, mirou o presidente da República: "Pergunta para o Temer o que ele fez. Eu não fiz nada. Vocês querem que eu tenha solução para tudo agora?".
Indagado se poderia destacar uma entre as 20 milhões de peças que havia no museu - como o meteorito Bendegó, o crânio de Luzia, fóssil humano mais antigo encontrado no país, ou a coleção de cultura egípcia, a maior da América Latina - Bolsonaro perdeu o controle: "Para de fazer esse tipo de pergunta, porque onde você quer chegar eu não vou te responder. Acabou a entrevista. Está a serviço de quem?". O candidato também não respondeu se já tinha visitado o museu com os filhos. "Pergunta para o seu sobrinho essa aí", disse, já se esquivando e dando fortes tapinhas na barriga do interlocutor.
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