Tucano busca atrair o eleitor antipetista que hoje declara voto a Jair Bolsonaro nas eleições 2018; candidato do PSL à Presidência segue como alvo principal da campanha
Pedro Venceslau e Yuri Silva | O Estado de S.Paulo
Após a campanha do presidenciável tucano Geraldo Alckmin usar a maior parte de suas inserções para atacar o deputado Jair Bolsonaro (PSL) na estreia do horário eleitoral de rádio e TV, na sexta-feira, 31, novos comerciais apontam a presidente cassada Dilma Rousseff (PT) e o presidente Michel Temer (MDB) como responsáveis pela crise que o Brasil atravessa em diversas áreas. A ideia é associar Dilma a Temer.
O candidato do PSL continua como alvo principal em metade das propagandas – são 12 ao longo do dia. Os ataques mais duros são no rádio. Mas um quarto dos comerciais de TV que começarão a ser veiculados a partir de hoje usam o mote “O Brasil de Dilma e Temer é assim” ao mostrar dados sobre violência, educação e segurança pública.
Desde o início da campanha presidencial, Alckmin vem sendo criticado pelos adversários por ter firmado uma aliança com os partidos do Centrão que formam a base de sustentação de Temer no Congresso.
A diferença em relação às inserções que atacam Bolsonaro é que nesse caso Alckmin aparece no fim das locuções em off. Em uma delas, um locutor fala sobre os “13 milhões de desempregados” registrados nos últimos quatro anos enquanto um casal toma café. “O desemprego é cruel. Faz a família toda sofrer. Economia tem que gerar emprego. O presidente tem que ser o comandante da boa economia”, diz o ex-governador.
A crítica resvala no ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles (MDB), que tem exaltado na campanha que foi presidente do Banco Central do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo um dos coordenadores políticos da campanha tucana, a ideia é abrir uma ofensiva para atrair eleitores antipetistas que devem começar a se descolar de Jair Bolsonaro.
Por isso a decisão foi preservar Alckmin nos ataques a Bolsonaro, mas expô-lo no caso do PT e de Temer. A ideia dos comerciais é fazer com que temas sensíveis aos olhos do eleitor deixem de ser associados exclusivamente a Temer, que foi vice de Dilma e assumiu após sua deposição, e passem a ser tratados como “problemas nascidos no governo do PT”.
Novos programas devem lembrar que a escolha do emedebista para o cargo de vice-presidente na chapa de Dilma foi do próprio PT – ligando o presidente ao partido de Lula, condenado no âmbito da Operação Lava Jato e preso na carceragem da Polícia Federal, em Curitiba (PR).
Pesquisas. Antes de elaborar os novos comerciais, a campanha de Alckmin fez uma rodada de pesquisas qualitativas após as primeiras aparições do tucano no programa eleitoral no rádio e na TV, no sábado.
Opiniões de eleitores de São Paulo, Goiânia e Recife foram colhidas por uma empresa contratada pela campanha do ex-governador paulista, com a finalidade de entender regiões distintas (Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste).
Ainda de acordo com interlocutores que tiveram acesso aos resultados da sondagem, o presidenciável do MDB, Henrique Meirelles, e a propaganda do PT, que não deixou claro para o público se o candidato do partido é o ex-presidente Lula ou o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad, também agradaram aos eleitores que participaram das qualitativas contratadas pelo PSDB.
Efeito. Auxiliares e aliados de Alckmin acreditam que a próxima pesquisa Ibope/Estadode intenção de voto sobre a eleição presidencial, que será divulgada nesta terça-feira, 4, ainda não deve captar o resultado do horário eleitoral no rádio e TV.
Por isso seria precipitado mudar o cronograma original. A expectativa é de que os primeiros resultados comecem a aparecer após dez dias de exibição dos comerciais. O ex-governador tucano conta com o maior tempo de TV e rádio entre os 13 candidatos que disputam as eleições para o Palácio do Planalto.
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