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A canelada de Rodrigo Maia em Bolsonaro
Bem que o presidente Jair Bolsonaro tentou agradar Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara dos Deputados, no pronunciamento que gravou ontem a propósito da aprovação do texto da reforma da Previdência Social na Comissão de Constituição e Justiça. Foi uma menção rápida, mas ele a fez:
– Agradeço o empenho e o trabalho da maioria dos integrantes da comissão e também o comprometimento do presidente Rodrigo Maia.
Menos de duas horas depois, em entrevista à GloboNews, Maia deu-lhe uma forte canelada:
– Qual é a agenda do governo? Qual é a agenda do governo para a Educação? Eu não conheço. Qual é a agenda do governo nas relações internacionais? É um desastre.
E foi em frente. A falta de uma agenda, segundo ele, impede que os deputados decidam se estão dispostos ou não a apoiar o governo. Perguntado se sua relação com o presidente da República seria melhor do que já foi “como deputado”, Maia respondeu:
– Pessoalmente, é pior.
A canelada de Maia em Bolsonaro tem a ver diretamente com três coisas pelo menos. Primeira: o tratamento de segunda classe que Bolsonaro dá a ele e aos demais deputados. Maia acha que Bolsonaro contribui para demonizar a política e aposta no quanto pior, melhor.
Segunda coisa: o quase nenhum empenho de Bolsonaro para aprovar a reforma da Previdência. Bolsonaro comporta-se como se o Congresso fosse o único responsável pela aprovação ou não da reforma. E está pronto para culpá-lo caso a reforma seja rejeitada.
A terceira coisa foi apontada pelo próprio Maia durante a entrevista com uma frase curta: “Há um conflito dentro desse governo que o Parlamento não quer participar”. O conflito opõe militares, ministros com viés ideológico e os filhos do presidente da República.
É por isso que Maia quer distância do governo. Seu sentimento é também compartilhado pelos líderes dos partidos de centro. Se ao governo falta uma agenda, o Congresso tem a sua. E dela faz parte a reforma da Previdência e o fortalecimento do Estado de Direito.
Vai acabar mal
Governo movido a crises
Foi uma festa e tanto a que celebrou, ontem, os 89 anos do ex-presidente José Sarney. A mansão onde ele mora no Lago Sul de Brasília encheu-se de políticos da ativa e da reserva, e de ministros do Tribunal de Contas, além de parentes e amigos do aniversariante.
Nas rodas de conversa, prevaleceu o tema do momento: os ataques dos filhos do presidente Jair Bolsonaro ao general Hamilton Mourão, o vice-presidente. O comentário foi unânime: a continuar assim, o governo acabará mal, e talvez antes do tempo previsto.
Este é um governo que se alimenta de crises e que as produz à farta. Corre o risco de ser engolido por uma a qualquer instante.
A última do garoto mimado
Sem trégua
Em sua conta no Twitter, direta ou indiretamente, o vereador Carlos Bolsonaro, o queridinho do pai, disparou, ontem, mais três vezes contra o vice Hamilton Mourão, a quem acusa de conspirar para derrubar o presidente da República. Na véspera, Carlos havia atirado sete vezes em Mourão. Mas não foi só.
Ao retuitar uma mensagem postada pela deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP) que elogiava a campanha de propaganda em defesa da reforma da Previdência a ser veiculada em breve na televisão, Carlos indicou que pelo menos mais um general entrou na sua mira – Santos Cruz, chefe da Secretaria de Governo.
Criticou-o por ter levado cinco meses para aprovar a campanha. Classificou a demora de “uma piada”.
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