- O Globo
Governador do Maranhão, Flávio Dino acusa o presidente de liderar uma “minoria sectária”, determinada a “criar confusão e dividir o país”
O governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), afirma que o presidente Jair Bolsonaro é “insano” e lidera uma “minoria sectária”, determinada a “criar confusão e dividir o país”.
Na sexta passada, o presidente foi gravado usando um tom pejorativo ao citar o governador, em conversa com o ministro Onyx Lorenzoni. “Daqueles governadores ‘de paraíba’, o pior é o do Maranhão. Tem que ter nada com esse cara”, disse Bolsonaro.
“Isso prova que tem um insano no comando do país”, reage Dino. “Há um método instalado no poder central. Um método de discriminação, perseguição e preconceito”, acrescenta.
Na visão do governador, o presidente investe em declarações agressivas para “esconder o mau governo que faz”. “Um traço do discurso fascista é a identificação de inimigos para justificar suas próprias carências”, diz. Ele avisa que não pretende recuar “um milímetro” em suas críticas. “Não tenho medo de ditador nem de projeto de ditador”, desafia.
Dino sustenta que as declarações de Bolsonaro não devem ser tratadas com “toscas” ou “ridículas”. “É preciso compreender que a visão expressada pelo presidente é perigosa para o Brasil”, afirma. “Não é algo isolado contra mim. É uma coisa geral, que visa promover uma desorganização da política brasileira”.
Reeleito numa coligação que uniu 16 partidos, do PT ao DEM, o governador defende a formação de uma frente ampla contra o bolsonarismo nas eleições municipais de 2020. No fim de junho, ele surpreendeu ao se reunir com o ex-presidente José Sarney, seu arquirrival na política maranhense.
“A democracia brasileira está em perigo. Numa situação emergencial, é preciso dialogar e unir todas as forças políticas”, justifica. “Defender a Constituição e a democracia não é um dever apenas da esquerda. É preciso que setores liberais e social-democratas também estejam em atitude vigilante”.
Ex-juiz federal, Dino diz que os “arroubos extremistas” de Bolsonaro inflamam setores que pregam medidas autoritárias, como um golpe militar ou o fechamento do Supremo Tribunal Federal.
“Hoje a polarização é assim. Há uma minoria barulhenta e sectária, liderada pelo presidente, que tenta criar confusão, dividir o país e agredir todo mundo. Do outro lado, nós temos que compor um campo amplo de resistência”, defende.
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