Ao
comentar votação no Chile, Ricardo Barros defende plebiscito no País e afirma
que a Carta brasileira 'só tem direitos e é preciso que o cidadão tenha deveres
com a Nação'
BRASÍLIA
- O líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), defendeu
a realização de um plebiscito para que os cidadãos brasileiros decidam sobre a
elaboração de uma nova Constituição, sob o argumento de que a Carta Magna
transformou o Brasil em
um “País ingovernável”. Barros citou como exemplo o Chile, que foi às urnas no domingo,
25, e definiu que
uma nova Assembleia Constituinte deverá ser eleita para a criação de uma nova
constituição do país.
“Eu
pessoalmente defendo nova assembleia nacional constituinte, acho que devemos
fazer um plebiscito, como fez o Chile, para que possamos refazer a Carta Magna
e escrever muitas vezes nela a palavra deveres, porque a nossa carta só tem
direitos e é preciso que o cidadão tenha deveres com a Nação”, disse Barros
nesta segunda-feira, 26, em um evento chamado "Um dia pela democracia”.
No começo da tarde, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), rebateu a declaração de Barros. "A situação do Chile é completamente diferente da do Brasil. Aqui, o marco final do nosso processo de redemocratização foi a aprovação da nossa Constituição em 1988. No Chile, deixaram está ferida aberta até hoje", disse ele ao Broadcast Político/Estadão. Maia tem nacionalidade brasileira, mas nasceu em Santiago, no Chile, em 1970, durante o exílio do pai, o também político brasileiro Cesar Maia. O vereador e ex-prefeito do Rio de Janeiro era militante do Partido Comunista Brasileiro e havia fugido por ser perseguido pela Ditadura Militar no País.
Ricardo
Barros, que representa os interesses do governo federal na Câmara dos
Deputados, disse que a Constituição tornou o País “ingovernável”, ao afirmar
que o Brasil hoje tem uma “situação inviável orçamentariamente". "Não
temos mais capacidade de pagar nossa dívida, os juros da dívida não são pagos
há muitos anos, a dívida é só rolada e com o efeito da pandemia cresceu muito, e esse
crescimento nos coloca em risco na questão da rolagem da dívida”, disse.
Emendas à Constituição, segundo ele, não são o suficiente.
“A
nossa Constituição, a Constituição cidadã, o presidente (José) Sarney já dizia quando a sancionou,
que tornaria o país ingovernável, e o dia chegou, temos um sistema
ingovernável, estamos há seis anos com déficit fiscal primário, ou seja,
arrecadamos menos do que gastamos, não temos capacidade mais de aumentar a
carga tributária, porque o contribuinte não suporta mais do que 35% da carga
tributária, e não demos conta de entregar todos os direitos que a Constituição
decidiu em favor de nossos cidadãos”, disse.
O
outro problema, na visão do parlamentar, é que “o poder fiscalizador ficou
muito maior que os demais” e, por isso, seria necessário também “equilibrar os
Poderes” no país. O deputado, que é alvo de investigações do Ministério Público
Federal, diz que é preciso punir quem apresentar denúncias sem prova.
Conhecido
crítico à Operação Lava Jato, Barros acrescentou
que, apesar de ser um desejo dos brasileiros, o combate à corrupção não pode
ser feito “cometendo crimes”. O deputado disse também ser a favor do
parlamentarismo. “Seria um regime de governo muito mais efetivo, que nos
permitiria ajustar rapidamente as crises, retomar mais rapidamente o rumo
quando existe um impasse, mas vamos ainda lutar por isso”, disse.
O
discurso do deputado foi feito em evento organizado pela Academia Brasileira de
Direito Constitucional (ABDConst), que contou com a presença de ministros
do Supremo Tribunal Federal,
do ministro da Economia, Paulo
Guedes, e de juristas.
Integrante do Centrão, deputado federal por seis legislaturas e ex-ministro da Saúde de Michel Temer, Ricardo Barros foi nomeado como líder em agosto, no lugar de Major Vitor Hugo (PSL-GO).
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