Não é correto responsabilizar a Constituição por todas as escolhas ruins que foram feitas por vários e vários governos
Sob o
argumento de que a Carta Magna transformou o Brasil em um “País ingovernável”,
Barros culpou as regras do Orçamento com o argumento de que o Brasil não tem
mais capacidade de pagar a sua dívida, que com o efeito da pandemia do coronavírus cresceu muito.
Não
precisa fazer uma nova constituição para dar conta da rede de proteção prevista
na Constituição. Tem é que ter coragem para enfrentar o ajuste e as medidas
necessárias.
A
Constituição tem defeito. Entre elas, amarras que engessam o Orçamento. Mas por
que falar de mudanças justo agora quando faltam poucas semanas para uma série
de encaminhamentos de medidas de ajuste para 2021? Passa a impressão de que o
líder está sinalizando que o governo pouco pode fazer para costurar um acordo
no Congresso para medidas que apontem um rumo para 2021 diante do ímpeto
gastador dos aliados do presidente Bolsonaro. Estaria o líder
jogando a toalha?
Como
líder do governo, Barros deveria estar mais preocupado com a criação das
condições políticas para a instalação da Comissão Mista de Orçamento (CMO), que
poderia ajudar o País a sair do impasse fiscal e orçamentário que tem
alimentado as incertezas sobre o futuro da economia.
Como definiu a procuradora do Ministério Público de Contas do Estado de São Paulo, Élida Graziane Pinto, ferrenha defensora dos recursos para saúde e educação garantidos na Constituição, um plebiscito agora traria, na prática, uma espécie do debate chileno às avessas: uma desconstitucionalização das garantias de saúde e educação públicas universais e um retrocesso brasileiro na contramão da revolta social chilena.
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