Imposto
de Guedes, Renda Cidadã com calote e outras disputas paralisam Congresso
Está uma zorra total e não vai haver Carnaval. A pedalada do Renda Cidadã subiu no telhado ou, pelo menos, o governo tenta dourar a pílula da moratória dos precatórios, que o povo do mercado e quase todo mundo cuspiu. Na Câmara, há estranhamento entre parte dos parlamentares de DEM, MDB e PSDB e outros que querem tocar a reforma tributária e o centrão, que assumiu de vez o comando parlamentar do governo. Graças ao sururu causado pela CPMF, mas não apenas, a mudança dos impostos está indo para o vinagre. O resto do ano no Congresso fica cada vez mais curto.
Paulo
Guedes tenta sair de fininho do vexame do plano
pedalada. Além do mais, se estranha cada vez mais
com Rodrigo Maia, até agora condestável das reformas, cada vez mais
desafiado pelo centrão, se por mais não fosse porque começou a disputa pela
presidência da Câmara em 2021.
Segundo
o padrão bolsonarista de disseminar “fakes” e tirar o corpo fora, Guedes disse
nesta quarta-feira que “há boatos” de que Maia e a esquerda fizeram acordo para
barrar privatizações”, aquelas que, no entanto, o governo não consegue
organizar ou mandar para o Congresso.
Maia
respondeu que Guedes está “desequilibrado” e recomendou que o ministro da
Economia veja “A Queda”. Hum.
Trata-se
do filme que deu origem àquela série de memes com paródias da cena do chilique
de Hitler. Narra a vida no bunker nazista em Berlim, sob fogo dos soviéticos. A
interpretação mais benevolente da dica de Maia é que Guedes poderia aprender
algo com a história de um bando de psicopatas assassinos à beira do fim, ainda
mais alheados da realidade, presos a uma bolha física e mental.
Os
líderes do governo no Congresso ainda querem tocar o Renda Cidadã tal como
anunciado, com moratória de precatório, com Fundeb, com pedalada, com tudo.
Gente do Planalto e mesmo Guedes tentam adoçar o remédio e dizem que o plano do
governo “não é bem assim”.
Hum.
É ou era.
“É
um prazer, uma honra e uma satisfação, presidente, poder anunciar o teu
programa”, discursou o senador Márcio Bittar MDB-AC) antes de explicar de onde
viria o dinheiro do Renda Cidadã. Depois de assim cumprimentar Jair Bolsonaro,
Bittar contou que o programa seria financiado com moratória de precatórios e
com parte de recursos federais para a educação básica.
Isso
foi na segunda-feira de tarde. Na quarta-feira, Guedes chamou a ideia de “puxadinho”,
entre outras desqualificações. O ministro estava no palanque do anúncio do
Renda Cidadã e então nada disse a respeito. Já era contra o plano? No Planalto,
há quem diga que o ministro não gostara mesmo da ideia; há quem o acuse de
querer pular fora do barco que furou.
Também
no dia do anúncio, Ricardo Barros (PP-PR), líder do governo na Câmara, disse
que Guedes foi consultado e que Bolsonaro “validou” o que ele e Bittar chamaram
de “solução final” para o Renda Cidadã. Como dizia o surfista da caricatura dos
anos 1980, “ó u auê aí, ó”: olha a confusão.
Guedes
afirmou também nesta quarta-feira que o Renda Cidadã terá dinheiro da fusão de
vários programas sociais, 27 deles, segundo o ministro, embora Bolsonaro seja
contra “tirar dos pobres para dar aos paupérrimos”. Seja lá como for, todas as
“soluções finais” aventadas até agora dependem da aprovação de alguma mudança
na Constituição, caso se queira conseguir um dinheiro bom para ampliar o Bolsa
Família.
Dá tempo? Daqui a três meses, acabam de vez os auxílios emergenciais. Algo vai acontecer: mais fome, sururu no mercado ou “tirar de pobres para paupérrimos”.
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