A
atleta Carol Solberg foi denunciada ao Superior Tribunal de Justiça Desportiva
por gritar “Fora Bolsonaro” após um jogo de vôlei de praia. O caso mostra que a
hipocrisia e o governismo continuam a ditar as regras no mundo do esporte.
A
perseguição foi iniciada pela Confederação Brasileira de Voleibol. A entidade
divulgou uma “nota de repúdio” e prometeu tomar “todas as medidas cabíveis”
contra a jogadora, que já estava sob ataque das milícias virtuais. Por dizer o
que pensa, ela foi acusada de violar a “atitude ética que os atletas devem
sempre zelar” (sic).
Curiosamente,
a confederação não se incomodou quando os jogadores Wallace e Maurício Souza
manifestaram apoio a Bolsonaro com a camisa da seleção. Às vésperas da eleição
de 2018, a dupla fez o número 17 com os dedos após uma partida do Mundial. Na
época, a CBV afirmou que “acredita na liberdade de expressão”.
A
Comissão Nacional de Atletas do Vôlei de Praia, que deveria defender Carol,
preferiu aderir ao linchamento. O grupo é chefiado pelo campeão olímpico
Emanuel Rego, que ocupou cargo no governo até junho.
Os
ataques chegaram ao ápice na segunda-feira, quando o procurador Wagner Dantas
pediu que Carol seja condenada a multa de R$ 100 mil e suspensão por seis
torneios. Na CBN, o jornalista Juca Kfouri lembrou que o STJD nunca julgou
cartolas acusados de corrupção, como Ricardo Teixeira e Carlos Arthur Nuzman.
Dantas
afirmou que o protesto pôs em risco o patrocínio do Banco do Brasil ao vôlei,
iniciado em 1991. Isso mostra como o aparelhamento das instituições está sendo
naturalizado no país de Bolsonaro. O procurador admitiu que o governo pode
interferir nos contratos de um banco público em retaliação a uma atleta que
criticou o presidente. Numa democracia saudável, este seria o verdadeiro
escândalo.
A campanha tem um objetivo claro: impedir novas manifestações contra o capitão. Atletas são cidadãos, têm título de eleitor e não devem ser proibidos de falar sobre política. Além de ineficaz, a tentativa de censura é burra. O cerco a Carol só amplificou o seu grito nas areias de Saquarema.
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