O
mercado financeiro continua fazendo contas e piorando as principais projeções
para a economia brasileira. Há uma mudança de humor recente do ambiente
externo, com o aumento dos juros futuros dos títulos americanos, e uma
crescente desconfiança com o intervencionismo do governo Bolsonaro em empresas
estatais.
O
banco Itaú subiu de 4% para 5% a projeção para a taxa Selic, e piorou de -2,1%
para -2,5% a estimativa para o resultado primário, por causa do pagamento do
auxílio emergencial. Mesmo que a PEC Emergencial seja aprovada, as medidas de
contenção de despesas só começariam a ter algum efeito a partir de 2023,
segundo o banco. Ainda assim, o Itaú manteve estimativa de alta de 4% no PIB
deste ano.
O Bradesco subiu a projeção de inflação de 3,5% para 3,9% e para o dólar, de R$ 5,00 para R$ 5,30 no final do ano. Segundo o banco, as sondagens setoriais apontam para retração no PIB do primeiro trimestre, com o agravamento da pandemia e o aumento das medidas de restrição à circulação de pessoas. Para o PIB do ano, o banco manteve expectativa de crescimento de 3,6%.
Já
a Ativa Corretora está mais pessimista. A projeção para o PIB de 2021 caiu de
3,1% para 2,9%, e para o ano que vem, de 2,5% para 2,4%. Também houve aumento
nas estimativas para inflação e para a taxa Selic em 2021.
Na semana que vem, o IBGE vai divulgar o PIB do quatro trimestre, que deve ficar em torno de 2,5%, na comparação com o terceiro, segundo o Bradesco. Será um olhar pelo retrovisor, porque já houve desaceleração da atividade neste início de 2021.
Saída de Brandão era previsível, ficarão
apenas os submissos
O Banco do Brasil negou agora à noite a
renúncia de André Brandão do Banco do Brasil. Mas, na verdade, o que se pode
dizer da saída dele é que são favas contadas porque ficarão apenas os
integrantes da equipe econômica que sejam submissos ao comando do presidente
Jair Bolsonaro. Se não estava claro antes para alguns, ficou absolutamente
explícito pela maneira como foi defenestrado o presidente da Petrobras, Roberto
Castello Branco.
André Beltrão foi indicado após a saída de
Rubem Novaes e para dar um sinal de que o banco seria independente. Não durou
muito. Na primeira proposta que fez de fechamento de agências e demissão
voluntária, Bolsonaro teve mais um dos seus ataques. Ameaçou de público. O
ministro Paulo Guedes tentou segurar. A maneira como Bolsonaro investiu contra
Castello Branco, inclusive criticando o economista, diante do silêncio de Paulo
Guedes, ficou claro para a equipe que o ministro da Economia não defende
ninguém.
O primeiro de uma longa lista de demitidos
foi Joaquim Levy. Numa manhã de sábado, Bolsonaro disparou contra ele numa fala
rápida para os seus apoiadores. Disse que ele não abria a caixa preta do banco.
Na verdade, ele queria colocar no colar o jovem economista, amigo dos filhos,
Gustavo Montezano. Que também não achou a tal caixa preta, mas não se falou
mais nisso.
O presidente da Caixa Econômica Federal,
Pedro Guimarães, não precisa sair. Ele aceitou o papel de seguir fiel de
Bolsonaro. Frequenta todas as lives, mesmo as que não aparece em cena. Viaja
com o presidente e inventa qualquer linha de crédito e abre qualquer agência
que o presidente manda. O que se diz em Brasília é que ele aguarda na fila para
assumir a cadeira de Paulo Guedes. Se é que algum dia o Posto Ipiranga vai se
cansar das humilhações diárias.
Caixa é diferente de Banco do Brasil e
Petrobras. A Caixa não tem capital aberto. Então a manipulação lá não gera
oscilação em mercado porque não há ações. Tem apenas um detalhe, usar
politicamente a Caixa para gastos orçamentários já deu impeachment. No BB e na
Petrobras o intervencionismo do presidente pode provocar outros problemas, como
por exemplo ações de minoritários na Justiça.
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