Brasil
tem um capitão destrambelhado no comando e um general muito ruim até de conta
na Saúde.
Brasil,
que atraía a curiosidade do mundo pela trajetória de redemocratização, combate
à inflação, modernização e enfrentamento frontal das suas mazelas históricas.
Um país que, nesse processo, degrau por degrau, chegou a superar o Reino Unido
como sexta maior economia no final de 2011. Foi fugaz. Desde então, o Brasil
anda para trás em todas as direções e virou um pária internacional.
Dilma Rousseff,
um desastre, deixou recessão e escombros. Michel Temer, que tentou
recolocar as coisas nos trilhos, foi atropelado por Rodrigo
Janot-J&F. Jair
Bolsonaro, um retrocesso, foi potencializado pela pandemia. E aqui
chegamos. O Brasil nem está mais entre as dez maiores economias do mundo. O
sonho virou pesadelo.
Para o compreensivelmente otimista Paulo Guedes, está tudo muito bem, o desempenho brasileiro na economia é equivalente ao de EUA, China e Coreia do Sul. E, afinal, uma queda de 4,1% no PIB em 2020, primeiro ano da pandemia, que não tem prazo para terminar, nem é um tombo tão doído assim. Ok.
Nas
redes bolsonaristas, moços bem falantes usam velhas técnicas de propaganda para
vender que o Brasil está no melhor dos mundos: uma profusão estonteante de
números. Nós, leigos, caímos como patinhos. O problema são os chatos, como
Persio Arida, Armínio Fraga, Henrique Meirelles, que não têm nada de leigos,
não ficam tontos à toa, mantêm a racionalidade. E dizem que não é bem assim.
É
verdade que o governo cumpriu as leis do Congresso e providenciou os bilhões de
reais do auxílio emergencial para cidadãos visíveis e invisíveis, Estados e
Municípios e empresas encalacradas e demitindo em massa. Em consequência, a
queda de 4,1% foi bem menor do que se previa no País e fora dele.
Numa
situação de calamidade, porém, a avaliação de perdas e ganhos, derrotas e
vitórias, não pode ser em cima de um único indicador, o PIB, por exemplo, nem
de uma montanha de números bolsonaristas. A sério, há duas frentes a serem
analisadas.
Uma
é que Temer havia retomado a trajetória positiva do PIB, apesar de
modestamente, e a pergunta de economistas e leigos é por que a economia não
engatou uma segunda e retomou seu potencial em 2019? Condições favoráveis, um
presidente recém eleito e com gás político, boa vontade do mercado, reforma da
Previdência. Logo, algo já ia mal, e com a renda per capita estagnada, antes do
coronavírus.
O
início de 2020 indicava crescimento no mundo todo e, lógico, no Brasil, mas
veio a pandemia. Aí, como alerta Persio Arida, a performance dos países tem de
ser olhada por três indicadores: PIB, dívida pública, número de mortos. “Países
que aumentaram menos a dívida tiveram quedas maiores do PIB, mas vão crescer
mais à frente. Países que tiveram menos mortos levaram o lockdown a sério e
registraram maiores quedas do PIB”.
E
o Brasil? O PIB teve uma queda relativamente menor, mas o País aumentou muito a
dívida e está entre os três com maior número de mortos. Logo, qual a aposta de
Arida? “O Brasil terá se endividado mais, terá tido mais mortos e maior queda
do PIB no seu ‘peer group’ (seus pares, ou equivalentes)”.
Guedes
diz que, “sem saúde, não há economia” e, em janeiro, acenou com “estado de
guerra”, com cenário de vacina atrasada e mortes acima de mil por dia. É
exatamente onde chegamos: menos de 4% de brasileiros imunizados e recordes da
média móvel de mortes em sete dias – 1.423 na sexta-feira. Logo, é guerra!
Com um capitão destrambelhado no comando e um general muito ruim até de conta na Saúde. Uma guerra real, mas um faz de conta no governo. Até o mundo está apavorado com o Brasil!
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