Pobre
Brasil
Esta
semana comprovou que o presidente não é sano e que a oposição não é lúcida.
Em um
gesto irresponsável, de voluntarismo e capricho infantil, o Presidente da
República demitiu o presidente da Petrobrás, com a clara intenção de interferir
nos preços dos combustíveis. Demonstrou o despreparo de quem não tem ideia das
consequências de seu ato em uma economia já sofrendo forte escassez do fator
Confiança e em uma empresa com capital no mercado aberto. Na mesma semana, no momento
mais dramático da epidemia, repete apologia de desprezo às medidas protetoras e
assusta os pais dizendo que a máscara prejudica às crianças.
Na mesma semana em que o presidente e seu governo demonstram insanidade, dois de seus principais opositores para 2022 demonstram falta de lucidez ao trombarem entre si. Ciro dizendo que seu papel é derrotar Lula, o que passa a ideia de que derrotar Bolsonaro é secundário, e como se ele fosse capaz de vencer a eleição sem o apoio de Lula e do PT. Haddad, por sua vez, responde dizendo que Ciro é de direita, como um adjetivo de desqualificação para enfrentar Bolsonaro, como se os dois fossem a mesma coisa.
Triste
momento em que o presidente é insano e a oposição não é lúcida. De um lado o
presidente brinca de governar irresponsavelmente, de outro os líderes da
oposição brincam de disputar eleição. Quando esta seria a hora de perceberem a
gravidade de uma reeleição do Bolsonaro. Declararem-se aliados, lançarem um
manifesto ao país dizendo que estão juntos contra a tragédia, chamarem os
outros candidatos que se opõem a Bolsonaro e proporem a escolha de um nome,
entre todos, que passe credibilidade e apresente a menor rejeição entre os
eleitores. Ciro e Haddad têm capacidade de reorientar suas posições para enfrentar
Bolsonaro, unirem-se entre eles e com os demais candidatos democráticos. Mas
cada dia isto fica mais difícil: cada um se consolida para realizar seu projeto
pessoal e atender as estratégias de seus partidos. Como se o destino do Brasil
não estivesse em jogo.
Pobre
Brasil com um presidente insano a uma oposição sem lucidez, ou sem compromisso
com o país. Felizmente ainda é tempo para a oposição mudar.
*Cristovam
Buarque foi senador, ministro e governador
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