O
plano de Joe Biden é mais do que uma proposta de estímulo. É uma declaração de
sua política econômica – que captura o princípio que democratas adotaram na
última década: a melhor maneira de estimular um crescimento econômico mais
rápido é de baixo para cima.
A
decisão de Biden de adotar essa abordagem está em total contraste com o
ex-presidente Donald Trump, cujo esforço inicial no Congresso, em 2017, foi um
pacote de redução de impostos que beneficiou amplamente as corporações e os
americanos mais ricos. O plano de Biden traz benefícios diretos mais generosos
para os americanos de baixa renda do que as rodadas de estímulo aprovadas no
ano passado sob Trump, embora chegue em um momento em que as estatísticas
econômicas e de vacinas contra o coronavírus sugiram que a economia geral está
equilibrada para levantar voo. O plano está mais focado nas pessoas do que nas
empresas e espera-se que ajude as mulheres e as minorias em particular, porque
elas sofreram um grande baque na recessão pandêmica.
Pesquisadores preveem que o projeto pode se tornar uma das leis mais eficazes para combater a pobreza na última geração. O Centro de Pobreza e Política Social da Universidade de Columbia calcula que as disposições do plano, incluindo uma expansão generosa dos créditos fiscais para americanos de baixa renda com filhos, reduziriam a taxa de pobreza em mais de um quarto para adultos e cortariam a taxa infantil pela metade.
Tal
como aconteceu com os projetos de estímulo de Trump, a nova legislação contém
disposições destinadas a atacar o próprio vírus, como dinheiro para testes de
covid e distribuição de vacinas. Mas também inclui elementos de antigas
prioridades democratas que se aplicarão amplamente aos americanos de baixa
renda, estejam eles financeiramente prejudicados pela pandemia ou não. Além dos
créditos fiscais, o projeto de lei aumenta os subsídios para creches, amplia a
elegibilidade para planos de saúde e expande auxílios para alimentação, aluguel
e desemprego. Muitos economistas preveem que o aumento nos gastos do consumidor
estimulará mais contratações e produção de negócios, ajudando a impulsionar a
economia até sua taxa de crescimento anual mais rápida desde meados da década de
1980.
Analistas
orçamentários avaliaram que o projeto de Biden, a exemplo da primeira grande
legislação de Trump, pode acrescentar quase US$ 2 trilhões à dívida federal.
Assim como Trump, Biden empregou um processo parlamentar que permite que seu
projeto seja aprovado sem um único voto do partido oposto. Ao contrário de
Biden, Trump buscou uma abordagem de cima para baixo para revigorar o
crescimento econômico e salarial. Ele cortou impostos para corporações e outras
empresas, ao lado de cortes nas taxas de impostos individuais de cima e abaixo
no espectro de renda. Seus assessores previram que as medidas acelerariam
significativamente o investimento empresarial e gerariam um boom econômico
sustentado que, por sua vez, aumentaria a renda dos trabalhadores de baixa
renda e da classe média, embora os benefícios diretos do projeto de lei
estivessem desproporcionalmente concentrados nos ricos. O aumento sustentado do
investimento não se materializou como previsto, mas os economistas em geral
concordam que os cortes ajudaram a impulsionar temporariamente o crescimento
econômico e salarial no ano seguinte a sua aprovação.
Na
extremidade inferior do espectro de renda – e, em particular, entre as famílias
negras e latinas – milhões de americanos ainda estão sentindo a profunda
recessão. A economia continua com quase 10 milhões de empregos aquém de seu
pico pré-pandêmico, com mulheres de todas as raças e homens não brancos lutando
para recuperar o emprego perdido. (Tradução de Renato Prelorentzou)
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