Presidente passa a trabalhar quase exclusivamente para conter efeitos sobre popularidade
O
aumento da gritaria
contra o fechamento do comércio e a investida sobre a Petrobras
revelam o que inquieta Jair Bolsonaro no pior momento da pandemia. O presidente
sentiu o impacto dos choques da economia e passou a trabalhar exclusivamente
para reduzir os efeitos dessa crise sobre sua popularidade.
Sem
o amortecedor do auxílio emergencial, os efeitos da inflação e o tropeço da
atividade econômica passaram a ter um custo político maior. Embora Bolsonaro se
esforce desde os primeiros dias da pandemia para fugir das responsabilidades
nessa área, a conta costuma ficar com os presidentes das República.
Os números já apareceram em pesquisas feitas nos primeiros meses de 2021. A reprovação ao governo Bolsonaro cresceu à medida que a população começou a dar sinais crescentes de desconforto em relação aos rumos da economia.
Desde
dezembro, o percentual de brasileiros que classificavam o trabalho do
presidente como ruim ou péssimo subiu de 35% para 42% nos levantamentos
XP/Ipespe. No mesmo período, a proporção de entrevistados que diziam que a
economia estava no caminho errado passou de 50% para 57% –e só 30% acham que
esse caminho está certo.
Vem
desses dados a preocupação de Bolsonaro em transferir para os governadores a
responsabilidade pela piora nos indicadores econômicos. Desde o fim de
fevereiro, ele ataca quase todos os dias as medidas de restrição à circulação
nos estados, omitindo o fato de que elas só são tomadas para conter o colapso
de sistemas de saúde e salvar vidas.
Já
o malabarismo para reduzir o preço dos combustíveis e a promessa de "meter
o dedo na energia elétrica" são tentativas de conter a
inflação.
Esse componente do desajuste econômico costuma provocar uma reação imediata do eleitorado –que tende a ser mais intensa com um auxílio emergencial menor. Em janeiro, o Datafolha mostrou que 96% dos brasileiros diziam ver aumento de preços da comida, 86% citavam o gás e 84% falavam da conta de luz.
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