Não estamos na “segunda onda” da Pandemia, mas apenas num possível começo de um “Tsunami” de contaminações de COVID19. O Ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta já alertava para essa possibilidade há semanas atrás. Então, vieram os números do PIB de 2020 com o terceiro maior tombo da nossa história recente. O desemprego em níveis de 14 milhões não sugere que vai recuar. O retorno às aulas presenciais se faz como se o conteúdo fosse o mais importante para inúmeros jovens em elevado índice de vulnerabilidade (abrem-se as escolas sem que se abram as mentes para essa reflexão). A vacinação é lenta e praticamente as doses são racionadas enquanto que o Ministro da Saúde anuncia uma “chuva de vacinas” para depois de julho. Não temos ainda um Orçamento Federal para o ano de 2021 aprovados. E o valor de R$ 250 para o auxílio emergencial nos faria questionar: o que melhorou nesse cenário para que se defenda a queda de R$ 350 do valor anterior? Ainda mais diante de uma carestia dos produtos da cesta básica em que muitos mencionam a situação do bolso caro.
Muitos analistas sugeririam que esse seria um momento favorável a Oposição ao Governo Federal. Então, por que não se observa a consolidação do programa de oposição? Em primeiro lugar, não nenhum programa de oposição consensual que possa motivar a ascensão da pluralizada opinião refratária ao Presidente Bolsonaro. Há uma autonomeada “oposição responsável” que é refém de uma “agenda liberal” fiscalista observando um Ministro da Economia politicamente esvaziado. Esse segmento é tímido ao combate aos impactos da pandemia em seus governos locais porque deseja disputar uma base “radicalizada” do Governo, por exemplo, no tema das atividades religiosas como essencial (curioso serem isentos no pagamento de impostos que poderiam ser investidos na saúde pública). Por outro lado, se abriu uma busca do melhor nome para derrotar o mandatário federal. A fulanização da política favoreceu ao mesmo, pois sempre consolida seu grupo de fieis apoiadores. Enquanto isso, a oposição se definha em debates internos e ressentimentos que não priorizam salvar as vidas.
Onde
estaria o Centro Democrático? Esse é a pergunta daqueles que defendem uma
Frente de Esquerda que se baseia nas contradições do centro político fraturado
desde as eleições de 2018. Faz-se um profundo silêncio sobre a aliança
vitoriosa nas eleições presidenciais 2002, pois a fulanização seria o
“anticorpo” desse sectarismo. A muito de sebastianismo político vintage nas
articulações de uma política eleitoral antecipada enquanto ameaçamos chegar a
números acima de 2500 óbitos por dia por COVID19. Ninguém defende ao menos um
Manifesto de Unidade nos pontos referentes a pandemia pois tudo pode soar como
“abertura da oportunidade” de ser a cabeça de chapa de uma disputa eleitoral.
Não se pode condenar a omissão da sociedade sobre muitos aspectos dos
protocolos sanitários uma vez que a população pobre foi deixada abandonada por
uma ampla lista explorações estrutural. Não se combate a desigualdade social,
mas se faz oposição a um suposto mal de origem de nossa História. O
desempregado ficou em segundo plano. A pobreza está na periferia daquilo que
chamam “narrativas”.
Mais
do que dialogar com o centro político, muitos segmentos da Oposição de Esquerda
ficou relembrando contradições das gestões passadas. As pontes da costura
política sempre são dinamitadas nas redes sociais. Todos tem um demônio
moralista da “lava jato” em sua mente. A população empobrece a cada instante.
Contudo, estamos com uma grande pobreza de lideranças políticas que preferem
viver um mundo de stories e imagens para demonstrar trabalho. Falta demonstrar
a política de Frente Democrática. Aliás, essa é a verdadeira denominação para
evitar os desvios esquerdistas possíveis naqueles que falam numa Frente Ampla.
Em que essa estratégia política ainda teria validade nesses tempos? Sugerimos que não foi Bernie Sanders que conquistou a indicação do Partido Democrata em 2020 porque todo esse mundo polarizado só se supera com a “moderação da política”. A Frente Democrática tem o poder de fazer uma política de unidade dos segmentos da sociedade com as inúmeras forças políticas a partir dos valores da República. A coisa pública está acima do empreendedorismo econômico e da política. Devemos fazer essa Frente se tornar realidade no debate do cotidiano da sociedade e no parlamento. Os interesses precipitados de 2022 deu um fôlego ao fisiologismo político no Congresso Nacional. Só a ideia de República para recolocar temas urgentes da sociedade. Por exemplo, não se fala numa seguro desemprego ampliado e nem da necessidade de ampliação dos valores da multa nos casos de demissão sem justa causa. A oposição vai sair desse apagão no momento em que a Esquerda deixar as eleições do próximo ano em segundo plano. Urgente é cuidar das trabalhadoras e trabalhadores sem trabalho.
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