quinta-feira, 29 de junho de 2017

Em Brasília e no Rio, Doria defende Temer e reformas

Por Fabio Murakawa, Marcelo Ribeiro, Raphael Di Cunto e Cristian Klein | Valor Econômico

BRASÍLIA E RIO - O prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), passou pelo Rio de Janeiro e por Brasília entre terça-feira e ontem para uma agenda política, sem encontros com o presidente Michel Temer ou com ministros para tratar de pautas de interesse administrativo.

Citado como presidenciável tucano ao lado do governador paulista Geraldo Alckmin, Doria ontem esteve com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), reuniu-se com a bancada do PSDB na Câmara e foi a um jantar com parlamentares na residência do deputado Izalci Lucas (PSDB-DF).

Na noite de terça-feira, Doria foi a um jantar em um clube na Gávea, no Rio de Janeiro, organizado pelo empresário Ricardo Amaral, com a presença de autoridades, economistas e personalidades da sociedade carioca.

Antes da coletiva de imprensa em Brasília, Doria foi categórico ao responder ao Valor PRO, serviço de informação em tempo real do Valor, que suas viagens nada têm a ver com atos de campanha à Presidência da República em 2018. "Estou aqui trabalhando na posição de prefeito de São Paulo e não de candidato à Presidência. Eu não sou candidato, eu sou prefeito", afirmou Doria.

Indagado sobre possíveis efeitos negativos dos rumores de que seria candidato à Presidência da República em sua relação com Alckmin, Doria disse que o relacionamento de ambos segue "indivisível". "Tenho um dever de lealdade a ele no plano político. Ele foi o avalista das prévias em São Paulo e serei leal a ele. Me ajudou muito a impulsionar minha candidatura e contribuiu com minha vitória no primeiro turno", concluiu Doria.

O prefeito manifestou seu apoio às reformas trabalhista e da Previdência, que tramitam no Congresso Nacional. No caso da previdenciária, Doria defendeu que "um texto mais enxuto" tem mais chances de ser aprovado.

Deputados da base aliada do governo vêm cogitando desidratar o projeto para garantir a sua aprovação, que se complicou após a denúncia feita contra o presidente Michel Temer pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, por corrupção passiva.

"Eu não quero avançar [nesse tema da reforma], até porque cabe às Casas Legislativas, ao Congresso, avaliarem isso. Mas entendo que um texto mais enxuto, mais curto, terá mais chances de ser aprovado", disse Doria.

Ele comentou que a decisão do PSDB de permanecer com cargos no governo não cabe a ele, mas à Executiva Nacional do partido. Mas afirmou que "o Brasil não pode perder a governabilidade, não pode entrar em uma instabilidade econômica que provoque o aumento do desemprego e o flagelo social, que já é grande no país".

Indagado se Temer deve ficar ou sair, Doria esquivou-se de dar opinião própria. "O melhor pro Brasil é termos a estabilidade. Não cabe a mim essa decisão. É da Executiva nacional do PSDB", afirmou.

Os cargos no governo foram citados pelo prefeito, na noite de terça-feira, ao ser questionado no Rio de Janeiro sobre a diferença de tratamento do PSDB, que bradou pela saída da presidente Dilma Rousseff mas resiste a desembarcar do governo Michel Temer sob o argumento da estabilidade. "Não é a mesma circunstância. É diferente. O PSDB tem quatro ministros de Estado. O PSDB não tinha ministros no governo do PT", disse o tucano ao Valor.

Para Doria, as acusações contra o presidente Temer são "graves", a situação dele piorou depois da denúncia apresentada pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, mas o presidente tem o direito de exercer sua defesa, afirmou o prefeito, ao comentar o pronunciamento do pemedebista em reação à denúncia de Janot. "Hoje a situação é mais grave do que há uma semana", disse.

Ao justificar porque o argumento da estabilidade agora é importante - quando não era para o PSDB durante o governo Dilma - o prefeito citou a dificuldade da sigla de abandonar os ministérios.

Ontem em Brasília, o prefeito voltou a pregar com ênfase o direito de defesa do presidente. "Não se trata de fazer a defesa do presidente Temer, mas de fazer a defesa do país, do Brasil e dos brasileiros. Não se pode estabelecer a culpabilidade antes que ela exista. Cabe ao Judiciário tomar a decisão final", avaliou.

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