BRASÍLIA - A disputa interna no PSDB pela vaga de candidato a presidente em 2010 tem 60 dias importantes pela frente. A acomodação de forças na legenda até o final de março indicará uma possível atrofia das chances do governador mineiro, Aécio Neves -e o consequente fortalecimento do paulista José Serra como o nome dos tucanos para a sucessão de Lula. Aécio deu um prazo para o PSDB regulamentar as prévias no partido.
Em fevereiro, a Executiva Nacional tucana produz uma proposta. Em março, publica as normas sobre como os militantes, por meio de consulta direta, decidirão quem será o candidato a presidente. As prévias são a única chance (remota) de Aécio ser o escolhido. No caso de derrota, o tucano também poderia usar o clássico "venceu a democracia" para se justificar diante de seus correligionários.
Se o partido ignorar o ultimato e não definir as regras da disputa interna até março, o mineiro fica encalacrado. Sua opção de risco é o caminho da rua, assinando a ficha em outro partido. A outra saída seria resignar-se ao manjado axioma sobre a fila da política. Serra, 67 anos, estaria na frente de Aécio, 49.
Se política tem fila, também tem momento. Ulysses Guimarães teve o seu. Em 1988, seria até rei do Brasil. Foi convencido a esperar um ano. "Um ano é nada", diziam. Em 1989, Ulysses amargou menos de 5% na disputa presidencial.
Aécio está enfrentando uma funesta conjunção astral na política. Seu melhor momento coincide em 2010 com a última chance de Serra se viabilizar para o Planalto. Esperar um pouco sempre é possível. Mas ser o governador mais bem avaliado da história de Minas Gerais por dois mandatos seguidos é um cenário difícil de repetir. O dilema do mineiro é espinhoso. Sacrifica-se pelo PSDB e por Serra ou faz um voo solo sem segurança sobre o local da aterrissagem.
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