DEU EM O ESTADO DE S. PAULO
Provocação era dirigida ao governador, que na véspera tinha apresentado modelo de ponte entre Santos e Guarujá
Roberto Almeida
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva aproveitou ontem a inauguração da termelétrica Euzébio Rocha, em Cubatão (SP), para destilar números da economia brasileira e alfinetar o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), provável adversário de sua pré-candidata à Presidência, a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT). "Estamos num ano de campanha e estamos percebendo que tem gente inaugurando até maquete", ironizou.
Lula não citou Serra nominalmente, mas a referência é clara. Anteontem, o governador paulista esteve em Santos, onde participou de evento para apresentar a maquete de uma ponte de ligação entre Santos e Guarujá. O projeto, que ainda não foi licitado, já havia sido apresentado pelo governo do Estado no mês passado. Em resposta à declaração de Lula, a assessoria de imprensa do governador informou que "o governo de São Paulo não se sente atingido".
Ao mesmo tempo que critica, Lula é alvo de reclamações constantes dos tucanos por suas viagens ao lado de Dilma. Sua agenda está praticamente a serviço da pré-candidata. Durante a visita à termelétrica - pronta desde novembro e "inaugurada" só ontem -, presidente e ministra abraçaram e posaram para fotos com operários.
Contudo, após alfinetar Serra sobre a maquete, o presidente foi mais longe e indiretamente propôs um duelo. "Eu, quando comecei minha vida política, dizia que político mentiroso fala assim: "Eu mato a cobra e mostro o pau"", assinalou.
"Ora, o fato de você mostrar um pau não significa que matou a cobra. Nós adotamos o discurso de que um político verdadeiro mata a cobra e mostra a cobra morta", continuou.
Só mais tarde, em evento em Araçatuba (SP), é que Dilma aderiu à provocação e adotou a mesma estratégia de Lula. "Nós não inauguramos maquetes, mas obras completas", disse, após assinar um edital de licitação para a Transpetro.
O desafio para o duelo faz parte da estratégia petista de comparar gestões, aplicada à exaustão ontem tanto no discurso de Lula como no de Dilma. Ambos procuraram associar a inauguração da termelétrica, ao custo de R$ 1,032 bilhão e associada ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), à redução da possibilidade de um apagão, como o que ocorreu entre 2001 e 2002, últimos anos de Fernando Henrique Cardoso na Presidência.
Dilma, a primeira a discursar, sublinhou logo na abertura de sua fala que a obra previne um engessamento da economia. "Essa termelétrica é mais uma obra do PAC e tem por objetivo garantir que nosso país possa crescer sem gargalos, obstáculos ao crescimento como aqueles que ocorreram entre 2001 e 2002, quando por oito meses o Brasil não tinha energia suficiente para abrir um único shopping center, uma única padaria, uma única loja", afirmou.
Dilma descreveu o apagão de 2001 como uma "loja de armarinhos", em que se colocam "todas as linhas e botões e não tem para quem vender". Mas não comentou o apagão de novembro do ano passado. Em seu discurso, Lula aproveitou a deixa. "Pode vir fazer investimento no Brasil que vai ter energia suficiente, que não vai mais ter apagão como teve em 2001", afirmou, sob a ressalva de que "com as intempéries a gente não brinca".
Colaboraram Chico Siqueira e Silvia Amorim
Provocação era dirigida ao governador, que na véspera tinha apresentado modelo de ponte entre Santos e Guarujá
Roberto Almeida
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva aproveitou ontem a inauguração da termelétrica Euzébio Rocha, em Cubatão (SP), para destilar números da economia brasileira e alfinetar o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), provável adversário de sua pré-candidata à Presidência, a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT). "Estamos num ano de campanha e estamos percebendo que tem gente inaugurando até maquete", ironizou.
Lula não citou Serra nominalmente, mas a referência é clara. Anteontem, o governador paulista esteve em Santos, onde participou de evento para apresentar a maquete de uma ponte de ligação entre Santos e Guarujá. O projeto, que ainda não foi licitado, já havia sido apresentado pelo governo do Estado no mês passado. Em resposta à declaração de Lula, a assessoria de imprensa do governador informou que "o governo de São Paulo não se sente atingido".
Ao mesmo tempo que critica, Lula é alvo de reclamações constantes dos tucanos por suas viagens ao lado de Dilma. Sua agenda está praticamente a serviço da pré-candidata. Durante a visita à termelétrica - pronta desde novembro e "inaugurada" só ontem -, presidente e ministra abraçaram e posaram para fotos com operários.
Contudo, após alfinetar Serra sobre a maquete, o presidente foi mais longe e indiretamente propôs um duelo. "Eu, quando comecei minha vida política, dizia que político mentiroso fala assim: "Eu mato a cobra e mostro o pau"", assinalou.
"Ora, o fato de você mostrar um pau não significa que matou a cobra. Nós adotamos o discurso de que um político verdadeiro mata a cobra e mostra a cobra morta", continuou.
Só mais tarde, em evento em Araçatuba (SP), é que Dilma aderiu à provocação e adotou a mesma estratégia de Lula. "Nós não inauguramos maquetes, mas obras completas", disse, após assinar um edital de licitação para a Transpetro.
O desafio para o duelo faz parte da estratégia petista de comparar gestões, aplicada à exaustão ontem tanto no discurso de Lula como no de Dilma. Ambos procuraram associar a inauguração da termelétrica, ao custo de R$ 1,032 bilhão e associada ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), à redução da possibilidade de um apagão, como o que ocorreu entre 2001 e 2002, últimos anos de Fernando Henrique Cardoso na Presidência.
Dilma, a primeira a discursar, sublinhou logo na abertura de sua fala que a obra previne um engessamento da economia. "Essa termelétrica é mais uma obra do PAC e tem por objetivo garantir que nosso país possa crescer sem gargalos, obstáculos ao crescimento como aqueles que ocorreram entre 2001 e 2002, quando por oito meses o Brasil não tinha energia suficiente para abrir um único shopping center, uma única padaria, uma única loja", afirmou.
Dilma descreveu o apagão de 2001 como uma "loja de armarinhos", em que se colocam "todas as linhas e botões e não tem para quem vender". Mas não comentou o apagão de novembro do ano passado. Em seu discurso, Lula aproveitou a deixa. "Pode vir fazer investimento no Brasil que vai ter energia suficiente, que não vai mais ter apagão como teve em 2001", afirmou, sob a ressalva de que "com as intempéries a gente não brinca".
Colaboraram Chico Siqueira e Silvia Amorim
Nenhum comentário:
Postar um comentário