Nesta semana, ocupei a tribuna da Câmara (confira a íntegra do discurso) para defender o que considero ser o papel da esquerda democrática no Brasil atual.
Apresento aqui algumas dessas considerações e avanço um pouco mais.
Creio que no quadro partidário brasileiro, em que a direita está preocupada em apoiar quaisquer governos e deles participar; o PT se divide entre mercadismo liberal e social-democracia, e o PSDB vacila na defesa de seu legado, o desafio da esquerda democrática não é apenas refundar-se.
É, também, construir uma nova forma de articulação com a sociedade, superar a função tradicional dos partidos políticos e buscar incorporar os diversos movimentos que se articulam no seio da sociedade, transformando-se em um "partido-movimento", aberto às lutas difusas e dispersas no corpo social.
Para isso, é preciso entender que a sociedade humana é complexa em suas formas de organização interna, conectadas com outras realidades e culturas em âmbito planetário por conta da revolução cientifica, das inovações tecnológicas e da informação; que vivenciam de formas diferentes problemas comuns, como a questão crucial do meio ambiente.
Desde 1992, quando surgiu do PCB, o PPS defende a necessidade de uma nova formação política, por reconhecer que a sociedade industrial, na qual residia a razão de ser dos partidos, transformara-se vertiginosamente, com o início do fim de uma era.
A característica do século XXI é a crescente influência das tecnologias da informação (sociedade em rede), e uma profunda segmentação, para além das classes sociais.
Esse processo vem tornando os partidos políticos mero espectro do século XX, que cada dia têm menos funcionalidade e articulação como representação política da cidadania.
Por isso, a esquerda democrática terá como tarefa fundamental catalisar todas as forças sociais, hoje dispersas, em um amplo movimento reformista, impondo ao Estado - no relacionamento com seus cidadãos e com outros Estados - uma pauta centrada no desenvolvimento econômico ambientalmente sustentado e equânime na distribuição da riqueza, única forma eficaz de superar a catástrofe das guerras.
Deve essa esquerda, ainda, abranger os diversos segmentos sociais, articulados em rede, que começam a ser cada vez mais sujeitos responsáveis pela implementação de mudanças de base, na esfera da vida real, cotidiana, cabendo à nova esquerda articular-se com eles e, quem sabe, experimentar os embriões das futuras representações políticas da cidadania.
O desafio que lancei na tribuna do parlamento é transformar a política de mero jogo do poder em atividade que dá sentido às demandas do todo, a partir da responsabilidade de cada um.
A política não apenas como exercício da liberdade, mas como efetivação da igualdade, no momento em que a capacidade produtiva instalada no planeta estiver voltada para a satisfação das necessidades do gênero humano, e não da reprodução do capital.
Nesse sentido, a tarefa central da esquerda democrática é tornar o Estado um instrumento de transformação das condições de vida, garantindo-se a mais ampla liberdade na busca da mais efetiva igualdade.
Roberto Freire, deputado federal e presidente do PPS
FONTE: BRASIL ECONÔMICO
2 comentários:
Ah tá!!! Me engana que eu gosto!!!
Esse elemento já deveria ter sumido do cenario político brasileiro, há muito tempo. Não passa de um hipócrita, mentiroso e aproveitador.
Da pra acreditar em algo desse partido de m...?
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