Na abertura da campanha petista, Patrus não compareceu, mas Carvalho se encarregou de fazer duras críticas a Lacerda
Daniel Camargos
Aproximadamente 100 militantes iniciaram a campanha petista ontem, na Praça Sete, no Centro de Belo Horizonte, desfalcados da principal estrela: o candidato Patrus Ananias (PT). Quem aproveitou e fez às vezes do candidato foi o atual vice-prefeito e coordenador da campanha de Patrus, Roberto Carvalho (PT). "O pedido para o registro da candidatura foi feito na quinta-feira e ainda não deferido. O Patrus achou melhor esperar para começar a campanha", explicou Carvalho. Além disso, o candidato passou por uma pequena cirurgia no nariz anteontem e a recomendação médica foi evitar esbarrões ou contatos físicos neste fim de semana.
Roberto assumiu a postura de criticar a administração de Marcio Lacerda (PSB), da qual é vice-prefeito. "Ele (Lacerda) pensa que a cidade é uma empresa", critica. Carvalho acusa o prefeito de tentar privatizar ruas, o mercado do Cruzeiro e ter esvaziado os conselhos da juventude e os centros de cultura. "Foi eleito um governo de esquerda, mas quem governou foi a direita", avalia Carvalho.
Outra acusação de Carvalho – e que deve marcar o tom da campanha – é que Lacerda não fez um governo voltado para os mais pobres. "Não fez uma casa para pobres nos últimos três anos", afirmou. As diferenças entre os dois começaram, segundo Carvalho, em 2009, quando surgiu conflitos na Ocupação Dandara, no Bairro Céu Azul, na Região da Pampulha. "O prefeito disse que eu deveria ficar de fora da comissão, pois sou muito bonzinho e resolveria os problemas do pessoal", lembrou.
As rixas se seguiram-se durante todo o mandato até o rompimento definitivo no ano passado. Carvalho foi o principal defensor da candidatura própria no PT e, mesmo não sendo candidato, viu sua tese prevalecer quando o PSB não aceitou a coligação proporcional. O nome de Carvalho foi apontado, ele chegou a registrar a candidatura, mas depois abriu mão para Patrus, que unia mais alas do partido. Para Carvalho, o prefeito Lacerda foi "ingrato" ao preferir o apoio do PSDB. "Eu estava errado com a aliança, pois achei que era possível, mas vi que era impossível misturar água com óleo", entende o vice-prefeito, que não deixou a prefeitura apesar das divergências. "Não saí porque fui eleito", afirma.
Outra estratégia de ataque apontada pelo presidente estadual do PT, Reginaldo Lopes, será mostrar, segundo ele. que as áreas controladas pelo PSDB na PBH são as piores, com destaque para saúde e transportes. "A candidatura do Marcio Lacerda segue o modelo tucano", afirma Lopes. O presidente do PT-MG também aproveitou para criticar as dívidas do governo estadual e se gabou, dizendo que os principais investimentos em curso em Belo Horizonte vem do governo federal, controlado pela presidente Dilma Rousseff. Lopes, entretanto, não garantiu a presença de Dilma no palanque de Patrus.
Correria. "Vamos ter uma semana para organizar a campanha e fazer o trabalho que deveria ser feito em dois anos", afirma Carvalho. A pressa é maior, segundo o coordenador, pois com a desistência das outras três candidaturas o quadro eleitoral caminha para um pleito de um turno apenas. Leonardo Quintão (PMDB) apoiará Patrus e será um dos coordenadores da campanha petista. Já Délio Malheiros (PV) é o vice de Marcio Lacerda (PSB) e Eros Biondini (PTB) também desistiu para apoiar Lacerda.
Propostas
O presidente municipal do PSB, João Marcos Lobo, preferiu não responder os ataques dos petistas. Disse que a campanha será propositiva e que o objetivo de Lacerda será mostrar o que foi realizado no governo. "A avaliação do governo, que percebemos nas pesquisas, é que o Marcio Lacerda é o prefeito mais bem avaliado do Brasil, com quase 80% de aprovação", afirma Lobo. Sobre a tentativa dos petistas de ligarem Lacerda ao PSDB e nacionalizar a disputa o presidente do PSB diz que o objetivo de Lacerda será discutir os problemas da cidade. "A eleição deste ano é local", entende Lobo.
FONTE: ESTADO DE MINAS
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