País pode ser superado por Reino Unido e perder 6 lugar global
Para economistas, a culpa pela anemia do PIB brasileiro não pode ser integralmente creditada à crise global. O Brasil está se saindo pior que muitos países, o que seria indicativo de problemas estruturais internos. O país deve estar em 2012, pelo segundo ano seguido, na lanterna do crescimento econômico na América do Sul - excluindo o Paraguai, que vive um momento de forte turbulência política. O Brasil deverá, novamente, perder em desempenho para a média da economia global e pode crescer menos até que os Estados Unidos.
- Isso é um sinal de um problema estrutural. Porque países como Colômbia, Peru e Chile vão crescer entre 4% e 5% neste ano e nós não? - indaga o professor Armando Castelar, da FGV, para quem isso demonstra que o Brasil precisa enfrentar problemas estruturais, como a baixa competitividade, fazer reformas e incentivar o investimento.
Alex Agostini, da Austin Rating, lembra que essa situação deve levar o país a um fraco crescimento de PIB per capita , uma vez que a população se expande cerca de 1,1% ao ano. Além disso, o país deve perder a posição de sexta maior economia do mundo, conquistada no ano passado. O Reino Unido deve voltar a ultrapassar o PIB brasileiro, em dólares:
- Aqui o maior problema que ocorre é a cotação do real, pois na comparação internacional o PIB é medido em dólares. Mas se o país crescesse mais ficaria mais fácil defender esta posição - afirmou o economista, que espera um PIB brasileiro em 2011 de US$ 2,315 trilhões, US$ 120 bilhões a menos que o britânico.
Ele, contudo, cita alguns "benefícios colaterais" desta crise, como a redução dos juros.
Desempenho do governo Dilma fica abaixo da média
Além disso, o PIB baixo deve fazer que o governo Dilma tenha uma das menores taxas de crescimento das últimas décadas. O professor Reinaldo Gonçalves, da UFRJ, diz que a situação econômica não é confortável:
- Após crescer 2,7% em 2011 e se chegar a 2% este ano, a média fica em 2,37% ao ano. Isso a coloca em 20º lugar entre os 26 presidentes do país, abaixo da média dos dois primeiros anos de Lula, FH, Itamar e Sarney.
O professor conta que, para Dilma repetir a média de 3,5% do primeiro mandato de Lula, o país precisaria crescer 4,6% ao ano em 2013 e 2014. E para chegar à média de crescimento da República, de 4,5%, o desafio é ainda maior: crescer em média 6,7% nos próximos dois anos.
Mas nem todos estão pessimistas. Cláudio Hamilton, diretor-adjunto da Diretoria de Estudos de Políticas Macroeconômica do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), vê espaço para forte reação do PIB:
- A criação de emprego continua forte e há espaço para incentivar consumo com expansão do crédito. Grande parte das famílias começa reduzir suas dívidas.
FONTE: O GLOBO
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