Todo mundo sabia
desde o começo que a CPI do Cachoeira foi criada sob inspiração do
ex-presidente Lula e do hoje réu condenado José Dirceu com objetivos bastante
claros: desmoralizar a oposição, o procurador-geral da República Roberto Gurgel
e o que chamam de mídia, a fim de tentar atingir a credibilidade do julgamento
do mensalão pelo Supremo Tribunal Federal. Não deu certo porque a farsa não
teve força para encobrir as revelações que foram surgindo, dia após dia, no
STF, e também porque no desenrolar da CPI surgiu um fato insuperável na figura
do empreiteiro Fernando Cavendish e sua construtora Delta.
A partir da revelação
do relacionamento do empreiteiro com figuras notáveis do governismo, como os
governadores do Rio, o peemedebista Sérgio Cabral, e de Brasília, o petista
Agnelo Queiroz, e a atuação suprapartidária do bicheiro Carlinhos Cachoeira em
vários estados brasileiros, em ligação estreita com a Delta, a maioria
governista viu que não seria possível continuar as investigações da CPI sem dar
vários tiros no pé.
Durante o desenrolar
da CPI, alguns deputados e senadores independentes do PDT, PMDB, PSOL
resistiram bravamente aos avanços petistas vocalizados por figuras patéticas
usadas como "laranjas" para ações de vingança contra o procurador-geral
da República e a revista "Veja", na figura de seu redator-chefe
Policarpo Junior.
Sem conseguir apoio
político para convocar seus alvos preferenciais, e enfraquecidos por não
quererem ver no banco dos réus seus apaniguados, os governistas perderam o rumo
da CPI para proteger o empreiteiro Fernando Cavendish, e decretaram seu final
melancólico quando recusaram a prorrogação dos trabalhos para que as ligações
da Delta no mundo político fossem investigadas a fundo.
Por isso o relatório
final da CPI do Cachoeira, de autoria do deputado petista Odair Cunha divulgado
ontem é uma patética demonstração de ineficiência do instrumento investigativo
congressual e uma confissão de sabujice poucas vezes vistas em tempos recentes,
que, diga-se, não foram pródigos em atitudes desassombradas ou de altivez por
parte de nossos congressistas.
Este pseudo relatório
supera todas as indignidades porventura cometidas, na sua sanha acusatória
seletiva. Misturando alhos com bugalhos, o relator Odair Cunha não conseguiu
acobertar seus desmandos com a aparência de seriedade que quis dar em alguns
momentos, especialmente quando trata do trabalho da imprensa.
Chega a ser ridículo
seu conceito de relação de jornalista com a fonte, quando se dá ao desplante de
definir o que está certo e o que está errado nesse relacionamento. A tal ponto
que até mesmo o presidente da Federação Nacional do Jornalismo (Fenaj),
normalmente alinhado com o petismo, teve que advertir que se tratava de uma interferência
no trabalho jornalístico que não é aceitável.
Em outro ponto, o
deputado do PT Odair Cunha se arroga a analista de valores dos tempos modernos,
afirmando que "em nossos dias, existe uma profunda cisão entre a mensagem
divulgada cotidianamente pela mídia, através dos diferentes meios de
informação, e os valores éticos que a sociedade e a civilização ocidental
alegam cultivar". Como se seu relatório espelhasse qualquer valor ético.
O deputado Miro
Teixeira, do PDT do Rio, um dos mais destacados membros do grupo independente
que tem impedido que a insensatez domine completamente os trabalhos da CPI,
denunciou que a colocação de jornalistas no relatório final tem a finalidade de
produzir um ato diversionista que desvie a atenção do fracasso da CPI e da
enorme pizza que se produziu para impedir que a relação da empreiteira Delta
com os mais diversos níveis políticos fosse investigada.
Fonte: O Globo
Um comentário:
A unica relação de Sérgio Cabral com Cavendish é pessoal, tanto quem não encontraram nenhum prova contra ele.
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