Presidente escalou Aloizio Mercadante e Rui Falcão para evitar que desavenças atrapalhem campanha em 2014
PMDB vira principal alvo de conversas após desgaste recente no Congresso por causa de medidas provisórias
Natuza Nery, Valdo Cruz
BRASÍLIA - A presidente Dilma Rousseff montou uma operação política para evitar que problemas domésticos com o PMDB e outros partidos que apoiam o governo no Congresso prejudiquem sua campanha à reeleição em 2014.
No comando da articulação estão o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, e o presidente do PT, Rui Falcão, encarregados de negociar a chapa da presidente.
O objetivo é reeditar no ano que vem a ampla coligação partidária que deu a Dilma o maior tempo de propaganda na TV nas eleições de 2010.
A estratégia passa, principalmente, por acabar com as desavenças entre o Palácio do Planalto e o PMDB, partido que será seu principal parceiro na campanha eleitoral.
Nesta semana, Dilma deve se reunir com o vice-presidente Michel Temer (PMDB-SP) e os presidentes do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN).
Na pauta, medidas para melhorar a articulação política no Congresso, atender pleitos de parlamentares aliados e acalmar os ânimos.
A estratégia do Executivo é, no varejo, liberar o dinheiro das emendas parlamentares. No atacado, apoiar mudanças no rito de tramitação das medidas provisórias para não afogar o Senado.
Este foi um dos motivos dos atritos do governo com o PMDB na semana passada, quando uma MP sobre o setor elétrico não foi colocada em votação por Renan porque chegou da Câmara com menos de sete dias para ser apreciada. As MPs perdem a validade se não são votadas em 120 dias pelo Congresso.
Em outra ponta, o Planalto pode ainda resgatar as reuniões do conselho político, fórum integrado pela presidente e os líderes dos partidos aliados no Congresso.
Pelo desenho atual, a ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, continua encarregada de tocar o dia a dia com o Congresso.
Já Mercadante tocará o atacado, além da agenda eleitoral, ao lado de Rui Falcão. Não por acaso, eles participam das seletas reuniões que a chefe tem mantido com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em conversas reservadas, o ministro diz que não será "líder do governo".
Na semana passada, o clima ficou tenso entre a ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, e Renan Calheiros, por causa da votação da MP que integrava o programa de redução da tarifa de energia.
A ministra afirma que na política é normal ter "posições divergentes" e que "momentos de tensão" fazem parte das negociações, mas diz que ninguém pode acusá-la de menosprezar o PMDB.
"Reconheço a importância do partido para o governo Dilma e quero lembrar que comecei minha militância no velho MDB de guerra", disse, citando a sigla pelo nome que usava quando foi criada em oposição ao regime militar.
Acusada de classificar o PMDB como um partido sem programa, ela afirmou que "as pessoas não podem usar contra mim o que não ouviram de mim e que não disse".
Os problemas do governo com o Congresso não ficaram limitados ao PMDB. Até mesmo petistas criticaram a interlocução do Palácio do Planalto com seus aliados.
Fonte: Folha de S. Paulo
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