Aécio: Constituinte é desnecessária
Júnia Gama, Cristiane Jungblut
BRASÍLIA – Após o anúncio de medidas pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), com objetivo de responder às demandas dos manifestantes e em reação às propostas do governo, senadores da oposição se manifestaram, centrando suas críticas na presidente Dilma Rousseff. O presidente do PSDB, Aécio Neves (PSDB-MG), elogiou a pauta anunciada por Renan, mas voltou a criticar Dilma pela proposta de Constituinte específica para reforma política e pelo que considerou omissão em relação ao pacto federativo e à segurança. Pré-candidata à Presidência, a ex-senadora Marina Silva (Rede) até concorda com a ideia da reforma política por Constituinte exclusiva, mas disse que não bastam discursos ou anúncios prontos, sendo necessário o governo dialogar com os setores da sociedade.
- O Brasil velho, do qual a presidente faz parte, tende sempre a terceirizar as responsabilidades. Quando tomou posse, a presidente disse que se dedicaria a discutir a reforma, mas, de lá para cá, nenhuma palavra mais se ouviu do governo sobre esse assunto. Essa proposta de Constituinte é desnecessária e juridicamente duvidosa. É preciso que a presidente diga ao país qual é a reforma política que ela considera adequada - discursou Aécio, repetindo a pauta de reivindicações da oposição apresentada ontem no Congresso, como a realização de auditorias sobre gastos com estádios, redução pela metade do número de ministérios e dos cargos comissionados, e tolerância zero com a inflação.
O senador tucano citou em seu discurso que o colunista do GLOBO Jorge Bastos Moreno o havia recordado, na manhã de ontem, de uma referência de Ulysses Guimarães, há quase 30 anos, sobre o pacto federativo. Aécio citou o trecho de uma fala de Ulysses: "As necessidades básicas do homem estão nos estados e municípios. Neles deve estar o dinheiro para atendê-las. A Federação é a governabilidade. O desgoverno, filho da penúria de recursos, acende a ira popular, que invade os paços municipais, arranca as grades dos palácios e acabará chegando à rampa do Planalto".
Marina disse que sempre defendeu Constituinte exclusiva para a reforma política, mas considerou as ponderações dos juristas. Sobre as propostas de Dilma, disse que é preciso "mais humildade":
- Primeiro, um discurso orientado por profissionais do marketing, que não surtiu efeito; depois, uma tentativa de dar uma resposta, mas numa reunião anunciando aos governadores o que já havia sido decidido. Com a magnitude que este movimento popular tem, não é hora de olhar de cima para baixo, mas, sim, de baixo para cima.
Marina disse que não é hora de nenhuma força ou candidato "capitalizar o movimento das ruas" e rejeitou comparação com o impeachment de Fernando Collor, em 1992:
- Estamos atônitos com o que aconteceu. É muito maior do que eu podia imaginar. Mas ninguém está fazendo um movimento "Fora, Dilma".
Renan, após encontro com Dilma, afirmou que a presidente vai receber a oposição. Ele próprio ligou para Aécio para falar isso.
Fonte: O Globo
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