Peemedebistas acusam presidente de passar por cima do Congresso
Fernanda Krakovics, Isabel Braga
Revolta. Presidente da Câmara, Henrique Alves reagiu aos gritos ao ouvir proposta de Constituinte
BRASÍLIA – O PMDB, que comanda a Câmara e o Senado e é o principal aliado do governo federal, assumiu a linha de frente para reagir à altura à proposta da presidente Dilma Rousseff. Os peemedebistas ficaram irritados por não terem sido consultados sobre o pacto proposto por ela na véspera e, principalmente, porque Dilma não ouviu o vice-presidente Michel Temer, presidente de honra do partido, antes de lançar a iniciativa. Eles acusaram a presidente de querer atropelar o Congresso e, numa demonstração do nível de irritação, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), sugeriu publicamente que o governo federal, em deferência à população, reduza o número de ministérios - atualmente são 39.
- Também somos favoráveis a qualquer decisão no sentido de reduzir o número de ministérios, para que os recursos economizados sejam direcionados para Educação, Saúde, Transporte e Segurança Pública - afirmou Renan, em discurso no plenário do Senado.
Proposta que já havia sido defendida pela manhã pelo vice-líder do PMDB na Câmara, Danilo Forte (CE):
- A pauta da rua mostra a preocupação com a volta da inflação, da carestia. Não vai ser jogando o problema para o Congresso que vai resolver, tem que reduzir gastos. Não tem problema reduzir (ministérios) do PMDB.
A reação do PMDB começou a ser delineada na noite de anteontem, no Palácio do Jaburu, residência oficial da vice-presidência da República, onde a cúpula do partido se reuniu para discutir a proposta de Constituinte específica para reforma política.
- Isso é golpe! Ela está achando que é quem? Chávez? Rafael Correa? - gritava no Jaburu o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), segundo relatos, referindo-se ao ex-presidente da Venezuela e ao presidente do Equador.
Ciente da insatisfação do PMDB, inclusive do vice-presidente, o ministro Aloizio Mercadante (Educação), braço direito de Dilma, tentou contornar a situação ainda na noite de segunda-feira. Ele telefonou três vezes para o presidente da Câmara, que se recusou a atendê-lo. No quarto telefonema, Renan atendeu e deu o primeiro recado do PMDB:
- Não tem Constituinte sem que se discuta parlamentarismo, fim da reeleição e mandato de cinco anos - disse Renan a Mercadante.
Reunião com Dilma
No final da tarde, os presidentes da Câmara e do Senado se reuniram com Dilma, com o discurso do acordo.
- A ideia proposta pelo vice-presidente Michel Temer e por todos nós, com a concordância da presidente, é que façamos um plebiscito em questões pontuais da reforma política. A presidente propondo pontos que ela considera importantes, nós acrescentaríamos os nossos - afirmou Henrique Alves.
Também aliado do governo, o senador Francisco Dornelles (PP-RJ) classificou a proposta de Dilma de "metodologia chavista". Para ele, a presidente criou uma "instabilidade jurídica" ao lançar a proposta.
- Um plebiscito sobre uma Constituinte exclusiva sobre reforma política é uma metodologia chavista, uma metodologia Hugo Chávez, usada na Venezuela. Hoje, é um plebiscito para uma Constituinte exclusiva para votação da reforma política. Amanhã, é uma Constituinte exclusiva para votar uma reforma dos Poderes, da Organização do Estado, uma reforma da ordem econômica, da ordem social. Considero que Constituinte exclusiva tem o seguinte nome: golpe de Estado.
O senador disse que os partidos devem conversar sobre a proposta da presidente Dilma na busca de uma melhor solução. ( Colaborou: Cristiane Jungblut )
Fonte: O Globo
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