Em ato de desagravo a seu favor em Osasco, petista ainda acusou Joaquim Barbosa de ser cruel
Sérgio Roxo
OSASCO (SP) - Condenado no processo do mensalão, o deputado federal João Paulo Cunha afirmou, na noite desta quinta-feira, que para ele os demais petistas condenados no mensalão, a vitória da presidente Dilma Rousseff na reeleição é fundamental.
- Para nós da ação penal 470, eu, José Dirceu, Genoino, e companheiro Delúbio, é fundamental e importante ganhar a eleição porque a gente quer mostrar que toda essa armação em torno da nossa ação é política - afirmou, ao destacar que pela primeira vez o partido deve ter candidatos competitivos na eleição para governador nos três principais estados: São Paulo, Rio e Minas.
João Paulo ainda chamou de cruel o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Joaquim Barbosa, por não ter assinado o seu mandado de prisão, apesar de já ter redigido o documento.
- Além de tudo, o ministro Joaquim Barbosa é cruel. Acha que eu não tenho mulher, mãe, filhos, que não tenho família. Deve achar que eu sou um bandoleiro que anda por aí - disse o deputado, durante um ato de desagravo realizado em um clube de Osasco, seu reduto político na região metropolitana de São Paulo.
Barbosa, que está de férias e só deve assinar a ordem de prisão na volta ao trabalho, também foi atacado por João Paulo por ter assinado as primeiras ordens de prisão do mensalão em um feriado, por ter influenciado na troca do juiz de Execução Penal do Distrito Federal e por manter o ex-ministro José Dirceu em regime fechado, sendo que ele teria direito a sair da cadeia para trabalhar.
A ausência de dirigentes do PT no ato provocou mal-estar. Mesmo convidados, o presidente nacional do partido, Rui Falcão, e estadual, Emídio de Souza, não compareceram. Emídio é ex-prefeito de Osasco. João Paulo foi irônico ao agradecer a presença de prefeitos de pequenas cidades paulistas no evento.
- Prefeito pra vir nesse ato tem que ter coragem. Essa história de mensalão é quase uma doença. Em algumas lugares, as pessoas não podem encostar na gente - disse.
Aliado de Emídio, o prefeito de Osasco, Jorge Lapas (PT), também não foi. O objetivo do evento era fazer o lançamento no estado de São Paulo da revista publicada no final do ano passado em que o deputado contesta o processo do mensalão. A revista já havia sido apresentada no Congresso Nacional pelo próprio João Paulo.
Uma das filhas de Dirceu, Joana Saragoça, compareceu. Ao falar sobre Dirceu, João Paulo, em mais um indício de ressentimento com uma ala do partido, deu a entender que o ex-ministro foi abandonado por companheiros.
- José Dirceu não precisa de defesa. O José Dirceu carregou o piano para muita gente que está tocando e muita gente é incapaz de dizer: essa musica que está tocando é para você, Dirceu.
Numa rápida fala, Joana afirmou ter certeza de que seu pai e João Paulo vão conseguir reverter as condenações. Os filhos do ex-presidente do PT José Genoíno, Miruna e Ronan, mandaram uma mensagem de apoio em vídeo, que foi exibida em um telão.
O ato reuniu cerca de 300 pessoas. Integrante do Diretório Estadual, Miza Boioto criticou, em discurso, a ausência dos dirigentes petistas:
- Tem muita gente que deveria estar aqui e não está. É incompreensível que o nosso partido não esteja todo na rua - disse.
Quatro deputados federais do PT de São Paulo compareceram: Carlos Zaratini, Devanir Ribeiro, José Mentor e Newton Lima. Devanir também atacou os ausentes. Zaratini disse que o PT deve enfrentar o pedido de cassação de João Paulo no Plenário da Câmara. Mentor e Devanir atacaram a imprensa.
João Paulo fez coro com os colegas de bancada.
- Oposição no Brasil é uma aliança entre a mídia e o Judiciário -disse.
Ele acusou ainda a imprensa de auxiliar o PSDB na guerra política com o PT.
- Botam uma materiazinha contra qualquer coisa do PT e o PSDB entra no Judiciário (com representação).
Fonte: O Globo.
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