quarta-feira, 16 de abril de 2014

Planalto teme depoimento de ex-diretor da Petrobras na Câmara

Nestor Cerveró, que deve falar nesta quarta-feira no Congresso, terá de assumir erro para que versão de Graça Foster se mantenha

Danilo Fariello, Luiza Damé e Catarina Alencastro - O Globo

BRASÍLIA — Ao debitar a culpa pelo prejuízo da refinaria em Pasadena à diretoria anterior da Petrobras — estratégia usada ontem no depoimento da presidente da estatal, Graça Foster —, o Palácio do Planalto corre o risco de ser contrariado nesta quarta-feira por quem seria o “bode expiatório” da crise. O ex-diretor Nestor Cerveró, responsável pelo resumo executivo falho enviado ao Conselho de Administração da empresa — na versão do governo —, confirmou que vai depor esta manhã na Câmara dos Deputados.

O governo procurou Cerveró nos últimos dias, após ele ter informado ao Congresso e aos órgãos de controle que teria entregue todas as informações necessárias à decisão do conselho. Apesar dessa interlocução, há um temor no governo sobre o que Cerveró falará.

Para confirmar a versão de Graça , ele teria de assumir que não incluiu duas importantes cláusulas do contrato de compra no resumo executivo e na apresentação ao conselho, o que não condiz com a atuação de um executivo com mais de 30 anos de vida na estatal.

Ontem, na audiência do Senado, ficou clara a contrariedade da antiga diretoria da empresa diante das insinuações de Graça, de que a ação dos antecessores não foi correta. Incomodado, o ex-presidente da Petrobras José Sérgio Gabrielli teria procurado parlamentares para defender sua gestão, segundo um senador.

A estratégia da presidente Dilma Rousseff de contra-atacar esta semana a onda de acusações contra a Petrobras começou domingo, quando ela telefonou para Graça. Dilma indicou a Graça que usaria o evento de inauguração do navio-cargueiro Dragão do Mar, em Pernambuco, para dizer que ninguém destruirá a Petrobras.

No evento, Dilma abraçou Graça e vestiu-se, como ela, com o uniforme da estatal. Segundo um auxiliar de Dilma, o gesto foi a forma de mostrar que ela e Graça estão juntas. Elas são amigas, e a presidente da Petrobras costuma dormir no Palácio da Alvorada quando está em Brasília.

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