- Folha de S. Paulo
A presidente da Petrobras, Graça Foster, fez um depoimento sóbrio ontem no Senado. Falou sobre as péssimas transações realizadas pela estatal. Reconheceu que a compra de uma refinaria nos EUA "não foi um bom negócio".
Numa resposta, Graça Foster rebateu um senador de oposição que chamara a Petrobras de "quitanda", uma empresa na qual todos passariam para dar uma beliscada num produto ou outro. A impressão geral foi a de que ali estava uma servidora dedicada ao bom funcionamento da máquina pública. Até aí, tudo bem. Mas não era esse o ponto.
Observado do ângulo eleitoral, o depoimento foi um desastre. As cenas estão gravadas. Voltarão à TV na campanha. Não houve desculpa a respeito da depreciação do valor da Petrobras. Milhares de brasileiros perderam dinheiro ao comprar ações da empresa com o saldo do FGTS.
O aspecto principal desse episódio da Petrobras é o dano causado na imagem de boa gestora da presidente Dilma Rousseff. A petista se enredou sozinha em um labirinto sem saída. Disse que sua decisão sobre o mau negócio com a refinaria nos EUA foi tomada sem ter acesso a todas as informações. Mas por que, então, o diretor responsável pela omissão só foi demitido agora se o erro tão grave foi causado em 2006?
Graça Foster não teve uma resposta satisfatória a essa indagação. Seria algo indizível. Muitos estiveram ou estão na Petrobras por conveniências políticas. Tome-se o caso do ex-presidente da empresa José Eduardo Dutra. Ex-presidente também do PT, ele é hoje diretor corporativo e de serviços. Político afável, é comum vê-lo postando no Twitter comentários políticos ou sobre futebol durante o horário de trabalho.
Dilma se elegeu em 2010 com dez partidos ao seu lado. Essa gente gosta de dinheiro e de cargos. Lula distribuiu cargos a granel. Dilma sabia de tudo. Inclusive do aparelhamento que persiste dentro da Petrobras.
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