De um lado a persistência de queda das avaliações da presidente/candidata, registrada nas pesquisas de junho do Datafolha e do Ibope. De outro, uma sequência de projeções negativas sobre o comportamento da economia (PIB, inflação e outros indicadores), por parte de lideranças das diversas atividades produtivas, de analistas e de instituições financeiras internas e externas, inclusive o Banco Central. Tal combinação está reavivando os receios com os resultados da disputa presidencial num 2º turno, dado como certo, no PT e nos partidos da base governista. E gerando a retomada de pressões em bases e parlamentares petistas e nos aliados em favor do “volta Lula”.
De par com o aumento das resistências, nestes, à confirmação do apoio à candidata nas convenções partidárias. Resistências que se manifestaram ontem na do PMDB (por meio de 41% de votos contrários), com a redução do apoio convencional basicamente à cessão de tempo de propaganda eleitoral “gratuita”. Que se expressarão em palanques estaduais em que esses aliados terão posturas contrapostas à negociada nacionalmente. E que poderão levar legendas como o PP e o PSD à neutralidade ou troca de alianças.
Novas pesquisas que não reverterem as tendências das mais recentes (que incluem forte crescimento da rejeição a Dilma) vão potencializar uma cobrança do “volta Lula” bem mais intensa do que a que foi contida entre abril e maio por enorme esforço do ex-presidente e pela expectativa de efeitos “positivos” do desencadeamento de caríssima e agressiva ofensiva de marketing. Que se mantém, mas sem produzir tais efeitos. Neste quadro, o que poderá salvar a candidatura de Dilma será a capitalização de uma vitória final de nossa seleção na Copa da Fifa. O que, ocorrendo, melhorará suas condições para manter-se na disputa. Sem que, entretanto, represente qualquer garantia de sucesso eleitoral.
A derrota do grevismo insurrecional
Por parte do governo paulista, a combinação de sensibilidade política (chegando à oferta de um reajuste salarial de 8,7%, bem acima da inflação, num contexto de dois anos sem atualização da tarifa) com firmeza na manutenção da oferta, no enfrentamento de ações ilegais utilizadas pelo sindicato dos metroviários e, por fim, após reiterada qualificação da greve como ilegal e abusiva, demissão por justa causa de parcela dos grevistas que se recusaram a voltar ao trabalho. E, da parte do TRT/SP, sério tratamento institucional da demanda trabalhista (avaliação técnica das propostas de reajuste e respaldo à da Cia. Do Metrô), apelos recusados para cessação do movimento, declaração dele como ilegal e abusivo e determinação de multas pelo insistente e ostensivo desrespeito às restrições de paralisações de serviços essenciais.
O grupo de dirigentes e filiados ao PSTU que comanda o sindicato não contava com essas reações do governo Alckmin e do judiciário trabalhista em seu plano de, propondo e manipulando um reajuste inviável, aproveitar a conjuntura eleitoral e as vésperas da Copa da Fifa com objetivos bem identificáveis. Entre os imediatos, gerar um prolongado caos do transporte público capaz de desacreditar política e administrativamente o governo paulista e pôr em xeque a abertura da Copa, tornando o Palácio do Planalto refém da greve e induzindo-o a negociar com ele, passando por cima do governador, o fim do movimento.
Entre os objetivos “estratégicos”, a desmoralização de leis e instituições “burguesas”, em aliança com outros “movimentos sociais organizados”, como o das invasões de terras e imóveis urbanos e o Passe Livre.
São bons os dividendos institucionais, político-administrativos e sociais da derrota do grevismo insurrecional tentado pelo PSTU. Derrota antecipada pela montagem de piquetes do sindicato para impedir a volta de metroviários ao trabalho. E pela “suspensão temporária” da greve para evitar a evidência do amplo esvaziamento dela, de segunda para terça-feira. Esta também dissimulada pela ameaça de retorno do movimento amanhã.
Jarbas de Holanda é jornalista
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