quinta-feira, 12 de junho de 2014

Eliane Cantanhêde: Tristes espetáculos

- Folha de S. Paulo

Bem que nós, brasileiros, poderíamos passar sem os tristes espetáculos do Senado da República e do Supremo Tribunal Federal bem na semana da Copa.

Na terça (10), o cinismo do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa ao depor na CPI de mentirinha, com o beneplácito de um punhado de senadores governistas.

Entre outras barbaridades, ele disse: 1) os R$ 762 mil em dinheiro vivo encontrados pela polícia na sua casa eram para "pagamento de consultorias"; 2) os US$ 180 mil (R$ 400 mil) eram só "por garantia"; 3) sua filha e seu genro não foram à sua casa para sumir com papéis comprometedores, mas para reunir documentos de suas próprias empresas.

Acredite quem quiser, e não é que os senadores governistas acreditaram?! Não dá para entender. Por que a base aliada ao Planalto tem de proteger um réu que foi preso sob suspeita de desviar recursos da minha, sua, nossa Petrobras? O que Paulo Roberto tem a ver com o governo?

Segundo o líder do PT, Humberto Costa, o depoimento dele foi "satisfatório". Para quem, cara pálida? Menos de 24 horas depois veio a notícia de que a Suíça bloqueou a bagatela de US$ 23 milhões (R$ 51,3 milhões) que seriam do mesmo Paulo Roberto.

Seriam para "pagamento de consultorias"? Ou só "por garantia"? Ele reuniu tudo isso com o suor do próprio rosto, ou com o petróleo da Petrobras e com o suor da nação?

O fato é que Paulo Roberto Costa, preso em 17 de março, foi solto pelo ministro do STF Teori Zavascki dois meses depois e voltou para a cadeia nesta quarta (11), um dia depois de fazer os senadores parecerem bobos e o Senado, uma Casa pouco séria.

O Judiciário não ficou atrás. Enquanto o ex-diretor da Petrobras voltava para a cadeia, o já quase ex-presidente do Supremo Joaquim Barbosa, aos gritos, expulsava o advogado de Genoino da corte. Inacreditável.

Por favor, Felipão, Neymar, Hulk, Fred e Júlio César, mostrem ao mundo um espetáculo bem melhor.

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