• Presidente do PSB, que já foi entusiasta de aliança com o PT, evitou falar sobre Marina
Paula Ferreira – O Globo
RIO— O presidente do PSB, Roberto Amaral, em entrevista ao GLOBO, nesta quinta-feira, assumiu a responsabilidade de conduzir o procedimento para a nova candidatura do partido à presidência. De acordo com ele, o trâmite só será feito após o sepultamento de Eduardo Campos. Roberto Amaral, que já foi entusiasta da aliança entre seu partido e o PT, evitou comentar sobre Marina Silva (PSB), que seria a sucessora natural de Campos na disputa.
— Acho um desrespeito alguém tratar desse assunto enquanto estamos coletando os pedaços do Eduardo. Sou eu que vou abrir o processo para a nova candidatura e isso não será feito enquanto ele não for enterrado— declarou Amaral.
Em nota oficial assinada por Amaral, o PSB afirma que está de luto e que as decisões a respeito do futuro da campanha presidencial serão tomadas "ao exclusivo critério" do partido: "O Partido Socialista Brasileiro (PSB) está de luto pela trágica morte de seu Presidente Nacional, Eduardo Henrique Accioly Campos, ocorrida em 13 de agosto de 2014. Recolhe-se, neste momento, irmanado com os sentimentos dos seus militantes e da sociedade brasileira, cuidando tão somente das homenagens devidas ao líder que partiu.A direção do PSB tomará, quando julgar oportuno, e ao seu exclusivo critério, as decisões pertinentes à condução do processo político-eleitoral.São Paulo, 14 de agosto de 2014".
Relação antiga com o PT
A relação de Amaral com o PT desperta questionamentos a respeito de seu apoio a uma eventual candidatura de Marina Silva. No ano passado, o líder do PSB, que é ex-ministro do governo Lula, chegou a sugerir a Eduardo Campos que desistisse da corrida eleitoral e apoiasse a reeleição de Dilma Rousseff (PT). Na época, Amaral propôs que o candidato partisse para a disputa presidencial somente em 2018. O socialista foi quem articulou ainda a aliança do PSB com o PT do Rio, para apoiar Lindbergh Farias (PT) ao governo do estado.
Também em 2013, Roberto Amaral escreveu um polêmico artigo no qual chamou dois economistas ligados a Marina de "adversários estratégicos" e do "campo conservador". Na ocasião, quando foi dito que o político seria contra a candidata, o ex-ministro argumentou que poderia ter suas próprias opiniões dentro do partido e que as intrigas viriam de setores interessados em desestabilizar a sigla. No mesmo texto, Amaral defendeu os governos petistas sustentando que Lula viabilizou a emergência das massas, produziu riquezas e diminuiu as desigualdades do País e que Dilma dava continuidade ao binômio "desenvolvimento- distribuição de renda".
Embora Roberto Amaral tenha negado que o partido já esteja discutindo sobre a substituição de Campos, o GLOBO apurou que na manhã desta quinta-feira, líderes do PSB se reuniram em um hotel em São Paulo para tratar dos rumos da sigla na campanha e da remoção do corpo. Questionado pela reportagem sobre a necessidade de lançar rapidamente um novo nome, já que o horário eleitoral na TV e no rádio começa na terça-feira que vem, o presidente do PSB desconversou:
— O programa de TV será uma homenagem a Campos.
Na reunião do partido, estiveram presentes, além de Amaral, Rodrigo Rollemberg (PSB-DF), líder no senado, Beto Albuquerque (PSB-RS), líder na Câmara, o deputado Gláuber Braga, o presidente do partido no Rio, e o deputado Júlio Delgado (PSB-MG).
O prazo para a substituição da candidatura já começou a correr. Segundo a Justiça Eleitoral, o partido tem até dez dias para definir o novo candidato. De acordo com a lei, o substituto pode pertencer a qualquer legenda da coligação, que é composta por PSB, PPS, PHS, PRP, PPL e PSL.
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