• Fundos de pensão respondem por maior parte do prejuízo reclamado por investidores na Justiça americana
Rennan Setti – O Globo
Os acionistas que processam a Petrobras nos Estados Unidos por perdas no valor de seus investimentos alegam ter tido prejuízo total de até US$ 527,7 milhões com o escândalo de corrupção investigado pela operação Lava-Jato. A compilação das queixas foi publicada ontem pelo analista de litígios no setor de energia da Bloomberg Intelligence, Brandon Barnes. Grande parte dos prejuízos foi sofrida por investidores institucionais.
"Investidores institucionais da Petrobras, como o fundo de pensão dos servidores de Ohio e o Danske, buscando ocupar a posição de líder na ação, alegam prejuízos de até US$ 523 milhões. Acrescentando as perdas reclamadas por investidores individuais que querem o status de líder, o total sobe para US$ 528 milhões", escreveu Barnes. "Todos os demandantes devem apresentar estimativas de perdas para serem considerados como postulantes a líder da ação."
O líder do processo, ou "lead plaintiff", é o acionista que vai representar todos os investidores que perderam dinheiro com o escândalo da Petrobras. São cinco ações coletivas iniciadas nos EUA contra a estatal mas, como é praxe na Justiça americana, todas serão reunidas em apenas um processo. A Corte de Nova York decidirá no próxima sexta-feira, dia 20, qual investidor será o líder do processo.
Pressão por acordo
Segundo o relatório da Bloomberg Intelligence, quem mais teve perda foi o Skangen-Danske Group, um conglomerado bancário dinamarquês: entre US$ 222 milhões e US$ 268 milhões. Também sofreram grandes prejuízos alguns fundo de pensão, como o de Ohio (entre US$ 54 milhões e US$ 90 milhões), de Idaho (US$ 20 milhões) e do Havaí (US$ 14 milhões). O banco sueco Handelsbanken alegou prejuízos de US$ 21 milhões.
"A Petrobras pode fazer propostas de acordo antes do esperado após terem ingressado no processo os fundos de pensão de Ohio, Idaho e Havaí. A entrada dos fundos empresta credibilidade às alegações de que os investidores foram prejudicados pelo escândalo de corrupção. O tribunal é mais propenso a levar a sério as queixas de investidores institucionais, tornando o acordo uma opção mais atrativa para a Petrobras", escreveu Brandon Barnes.
Mesmo assim, o analista ponderou que "os investidores terão o desafio de provar que as perdas não foram resultado da queda no preço do petróleo."
"As alegações contra a Petrobras são tão extraordinárias que não temos escolha a não ser agir em nome do servidores e aposentados de Ohio", disse o procurador-geral do estado americano, Mike DeWine, em comunicado divulgado na semana passada.
Enquanto as alegações dos investidores institucionais somam até US$ 523,6 milhões, as dos acionistas individuais que tentam liderar a ação chegam a apenas US$ 4,1 milhões.
De acordo com comunicado da Petrobras divulgado na última sexta-feira, o líder deverá apresentar no dia 27 de fevereiro uma petição inicial consolidada da causa, mas não há audiência marcada para aquele dia.
Nenhum comentário:
Postar um comentário