Em atos esvaziados, centrais reproduzem disputa PT x PSDB
• A presidente Dilma divulgou três vídeos na internet no lugar do tradicional pronunciamento do 1º de maio
• Em SP, Lula defendeu a petista e desafiou seus rivais; já Aécio acusou o governo de ser 'o mais corrupto da história'
Bela Megale, Catia Seabra e Gustavo Uribe – Folha de S. Paulo
SÃO PAULO - A atual agressividade no debate partidário pautou os palanques das maiores centrais sindicais do país neste 1º de maio. Com a terceirização no centro da discussão, as festas da CUT (Central Única dos Trabalhadores) e da Força Sindical em São Paulo viraram palco para reprodução da contenda PT versus PSDB.
Ao mesmo tempo, uma parte da disputa política migrou para outra arena, a internet, fato inédito em comemorações do Dia do Trabalho.
Como já havia anunciado, a presidente Dilma Rousseff trocou o tradicional pronunciamento de TV por três breves vídeos no YouTube. Ela colocou-se contra o projeto de terceirização de atividades fins, tema defendido pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e defendeu a valorização do salário mínimo, entre outros temas.
Embora os vídeos tenham sido reproduzidos no noticiário, sua audiência direta é irrisória comparada à da cadeia de TV. No YouTube, eram 364 mil visualizações até as 20 horas desta sexta. No horário nobre, a TV Globo alcança quase 2 milhões de residências só na Grande São Paulo.
O PSDB respondeu com outros três vídeos acusando Dilma de descumprimento de promessas antigas.
E até o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), divulgou sua gravação. Sobre as medidas econômicas recentes do governo, falou em "desajustes" que penalizam os trabalhadores.
Esvaziado na comparação com anos anteriores --12 mil pessoas conforme a PM; 50 mil para os organizadores (ante 80 mil em 2014)-- o ato da CUT, no Vale do Anhangabaú, foi marcado por um ensaio de reaproximação com Dilma.
Diferentemente do que vinha ocorrendo em atos recentes da CUT, ela foi poupada de críticas. A razão é tática. Embora os sindicalistas mantenham restrições sobre o ajuste fiscal, estão ao lado de Dilma no tema terceirização.
O principal orador do evento foi o ex-presidente Lula, que prometeu "ir para briga" contra seus opositores.
"Aos meus detratores: agora vou começar a andar o país outra vez. Vou começar a desafiar aqueles que não se conformam com o resultado da democracia. Aqueles que desde a vitória da Dilma estão pregando sua queda. Eles têm que saber que se tentar mexer com a Dilma, eles não estão mexendo com uma pessoa. Estão mexendo com milhões de brasileiros", disse Lula.
A cerca de oito quilômetros dali, no evento da Força, discursava-se pelo impeachment de Dilma. A PM não estimou o público; os organizadores, em evidente exagero, falaram em 1 milhão.
No Campo de Bagatelle, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) acusou o governo de ser "o mais corrupto da história": "O 1º de maio será lembrado como o dia da vergonha, o dia em que Dilma se acovardou e não teve coragem de olhar nos olhos do trabalhador".
Ao seu lado, com um adesivo "Fora, Dilma" no peito de, o deputado Paulinho da Força (SD-SP), puxou um coro pela saída da presidente: "Vá para o inferno, Dilma", conclamou.
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