• Na Câmara, a expectativa é que denúncia possa influenciar o presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ)
- O Globo
BRASÍLIA e SÃO PAULO - A divulgação da notícia de que o Ministério Público Federal abriu uma investigação para apurar suposto tráfico de influência por parte do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em favor da Construtora Odebrecht, com recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), reacendeu a tentativa da oposição, no Senado e na Câmara, de criar e instalar uma CPI para apurar empréstimos concedidos pelo banco.
Na Câmara, que já conseguiu 198 assinaturas para a CPI, a expectativa é que a nova denúncia possa influenciar o presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), a instalar a comissão. O requerimento já obteve o número mínimo de rubricas e, como há quatro CPIs em funcionamento, é possível a criação de mais uma. O problema é que estão na fila de espera outros nove pedidos.
O líder do PPS na Câmara, Rubens Bueno (PR), autor do pedido da CPI do BNDES, considerou de extrema gravidade a denúncia publicada pela revista “Época”. A revista diz que Lula teria atuado para ajudar a empreiteira a obter contratos de US$ 4,1 bilhões em projetos financiados pelo banco em países como Gana, República Dominicana, Venezuela e Cuba.
— A CPI do BNDES precisa começar para contribuir com as investigações do Ministério Público e a Justiça apurar e julgar com celeridade essa denúncia — afirmou Bueno.
O deputado anunciou que na próxima semana irá protocolar dois requerimentos na Comissão de Fiscalização e Controle para o Tribunal de Contas da União (TCU) auditar os contratos do BNDES com os governos da República Dominicana e de Gana.
Presidente do PSDB, Aécio Neves (MG) afirmou que a denúncia é mais uma na onda de escândalos:
— Isso tem de ser investigado. E (também) soubemos de algo extremamente grave: que a Petrobras teria destruído provas. A CPI solicitou os áudios das reuniões do Conselho de Administração para que os brasileiros possam entender quem foram realmente os responsáveis pelo crime que lesou a Petrobras.
Em São Paulo, nesta sexta-feira, o ex-presidente Lula disse que a elite tem um “medo inexplicável” de que ele volte à Presidência. Em discurso no ato do 1º de Maio da CUT, Lula criticou as revistas semanais e disse estar pronto para a “briga” na defesa de Dilma:
— Aí vem essas revistas que são um lixo. Não valem nada. Peguem todos os jornalistas da “Veja” e da “Época” e enfiem um dentro do outro que não dá 10% da minha honestidade.
Presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto divulgou nota no Facebook e no site do instituto dizendo que Lula recebe “dezenas de convites” e que “no caso de atividades profissionais, palestras promovidas por empresas nacionais ou estrangeiras, o ex-presidente é remunerado, como outros ex-presidentes”. Disse ainda que “todas as viagens do ex-presidente foram divulgadas para a imprensa, mesmo sem ele ter obrigação de fazê-lo, por não ocupar nenhum cargo público desde janeiro de 2011”.
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