- Folha de S. Paulo
Para quem tem memória curta, é bom lembrar. A nova equipe econômica do governo Dilma começou o ano propondo fechar 2015 com as contas no azul, na casa de 1,2% do PIB (Produto Interno Bruto), algo próximo de R$ 70 bi.
Dez meses depois, a equipe refaz seus cálculos, dá uma olhada nos passivos das pedaladas fiscais e descobre que pode encerrar o ano com um rombo de no mínimo R$ 70 bi, os mesmos 1,2% do PIB.
A diferença é que antes era para tudo ficar no azul. Agora, os sinais estão invertidos. Sai o positivo, entra o negativo. Dilma foi parar no cheque especial, está no vermelho. Não consegue economizar para pagar os juros da dívida pública.
Resultado, a equipe econômica termina o ano tocando um samba de uma nota só, a do ajuste fiscal, às voltas com brigas e divergências sobre como fazer para colocar as contas públicas nos eixos.
Tal ambiguidade, reflexo da falta de convicção da presidente no caminho escolhido, aprisionou o governo à agenda fiscal. Mas não foi só isto. O pior foi Dilma ter ficado prisioneira de outra agenda em 2015, a do seu impeachment.
Virou presa fácil das chantagens dos aliados. E não adianta jogar a culpa na oposição, dizendo que ela não aceitou o resultado da eleição. Não tivesse dado motivos para tal ameaça, ela teria saído das cordas.
Não saiu por causa da fantasia da campanha eleitoral, das trapalhadas econômicas e do petrolão. Agora, na reta final do ano, dá uma respirada e afasta um pouco o fantasma do seu impedimento.
O tempo é curto, mas seu novo ministro da Casa Civil, Jaques Wagner, enxerga nele uma janela de oportunidade para mudar de assunto, aprovar medidas econômicas a fim de sair da armadilha fiscal e tirar o país da atual letargia.
Sem êxito nessa missão, porém, é questão de tempo a volta do discurso do impeachment. Logo ali, em 2016, tempo de mais recessão.
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