• Operação Lava Jato, turbulência político-econômica e agressão doméstica enfraquecem diretório estadual que hoje se põe ao lado de Dilma
Luciana Nunes Leal – O Estado de S. Paulo
RIO - Em 19 de dezembro de 2014, um almoço no hotel Windsor Atlântica reuniu a cúpula do PMDB do Rio e parlamentares de vários partidos em apoio à candidatura do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) à presidência da Câmara. O governador Luiz Fernando Pezão, o prefeito Eduardo Paes e o deputado Leonardo Picciani (RJ) eram efusivos nos elogios a Cunha e comemoravam o fato de que o Rio voltaria ao comando da Câmara depois de 40 anos. O ano de 2015 começou com a vitória de Cunha no 1.º turno, a eleição de Picciani para a liderança do PMDB na Casa e Paes citado como possível candidato do partido à Presidência da República em 2018.
Passado um ano, o prestígio do PMDB-RJ está em baixa. Afastado dos líderes regionais desde que rompeu com o governo, em julho, Cunha é acusado de manter contas bancárias na Suíça não declaradas à Receita Federal, tenta evitar a abertura de processo de cassação de mandato no Conselho de Ética e é pressionado a deixar o comando da Câmara.
Picciani foi destituído da liderança em manobra que teve a participação de Cunha. Eduardo Paes se esforça para salvar a pré-candidatura do secretário de Coordenação de Governo, Pedro Paulo, à prefeitura da capital, depois que se tornaram públicas agressões físicas e ameaças feitas pelo afilhado do prefeito à ex-mulher. E Pezão não consegue fechar as contas do Estado.
Reflexo. As agruras do PMDB fluminense não são apenas um problema local. Elas tornam mais difícil a vida da presidente Dilma Rousseff. No PMDB, o diretório do Rio é o mais próximo da petista e o mais atuante no movimento contra o impeachment. Adversários de Dilma na disputa presidencial de 2014, Leonardo Picciani e o pai, Jorge Picciani, deputado estadual, presidente da Assembleia Legislativa e presidente do PMDB-RJ, se tornaram defensores incansáveis da permanência da presidente no cargo.
Como líder, Leonardo tentou garantir a presença somente de peemedebistas pró Dilma na Comissão Especial que analisará o impeachment e acabou caindo. Seu substituto na liderança do PMDB, Leonardo Quintão (MG), diz que respeitará a tendência da bancada.
Com apoio do governo, Picciani, Paes e Pezão tentam levar Leonardo de volta à liderança. O movimento irritou o vice-presidente Michel Temer, presidente nacional do PMDB, que já se ressentia da relação direta de Dilma com os Picciani, como ocorreu na reforma ministerial de outubro, quando a bancada da Câmara indicou os titulares da Saúde, Marcelo Castro (PI), e de Ciência e Tecnologia, Celso Pansera (RJ).
A tensão entre os peemedebistas continua. Na quinta-feira passada, Marcelo Castro cobrou de Quintão uma posição sobre o impeachment, que disse não ter lado nessa questão. O ministro respondeu que essa não era atitude de líder.
Pezão minimiza os percalços do PMDB do Rio e diz que sua grande preocupação é enfrentar a forte retração econômica. “Todo partido tem altos e baixos. Até essa questão do impeachment terminar, toda hora vai ter cotovelada para cá e para lá. Estou preocupado com os Estados em frangalhos e os municípios em situação pior ainda.
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