Marcelo de Moraes – O Estado de S. Paulo
Independentemente do desfecho do processo de pedido de abertura do impeachment da presidente Dilma Rousseff, será muito difícil reatar os laços políticos dela com o vice-presidente Michel Temer (PMDB). Os encontros entre os dois têm sido meramente protocolares. Para aliados, Temer tem repetido nos últimos dias que “a relação azedou” justamente quando ele estava tentando “ajudá-la na coordenação política”. No caso, Temer tinha assumido a articulação política do governo para ajudar a destravar a pauta de votações, emperrada no Congresso, e que ameaçava a aprovação do ajuste fiscal proposto pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy.
Nessas operações políticas para atrair o voto de integrantes da base que estavam insatisfeitos, Temer se comprometeu pessoalmente com os parlamentares para reconstruir as pontes entre eles e o Palácio do Planalto. No meio dessas negociações, foi surpreendido com o não cumprimento de vários acordos que haviam sido acertados com os parlamentares. Para interlocutores, Temer disse que a repetição do problema impedia que a articulação política fosse bem-sucedida.
Em conversas com aliados, Temer não disfarça sua surpresa com o problema. Já que esse era um trabalho que estava sendo feito justamente para ajudar a presidente, que teria aprovados os projetos do seu interesse. Cansado desse desgaste, Temer avaliou que estava começando a “queimar seu patrimônio político”, uma vez que aquilo que negociava com os parlamentares não se concretizava. Por conta disso, preferiu comunicar a presidente que estava deixando a função de articulador político.
Com a possibilidade de Temer suceder a Dilma no cargo, na hipótese de o impeachment ser aprovado, se reduziram ainda mais as chances de ocorrer uma reaproximação entre os dois no futuro.
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